Em escalada da crise entre Brasil e Venezuela, Maduro convoca embaixador

A Venezuela convocou hoje (30) seu embaixador em Brasília para retornar ao país. Em comunicado, o governo venezuelano também classificou as falas do assessor da Presidência Celso Amorim sobre “quebra de confiança” entre Brasil e Venezuela como “declarações intervencionistas e grosseiras”.

A convocação de um embaixador é uma espécie de repreensão de um país a outro na linguagem diplomática internacional. A atitude de hoje é o episódio mais recente da crise diplomática entre os governos de Brasil e Venezuela.

As tensões se intensificaram após a eleição presidencial venezuelana, quando Maduro foi declarado vencedor em um resultado contestado pela oposição e por órgãos internacionais, com acusações de falta de transparência.

A declaração de Celso Amorim questionada pelo governo venezuelano foi dada em audiência na Câmara dos Deputados ontem (29). O governo Lula insiste na necessidade de apresentação das atas eleitorais, que comprovariam o resultado anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), para reconhecer a vitória de Maduro no pleito.

Na semana passada, o Brasil se posicionou contra a entrada da Venezuela no Brics durante cúpula realizada em Kazan, na Rússia.

O governo Maduro citou nominalmente Amorim no comunicado e afirmou que declarações dadas pelo assessor especial da Presidência “constituem uma agressão constante que mina as relações políticas e diplomáticas entre os Estados, ameaçando os laços que unem os dois países”.

“Amorim tem se comportado mais como um mensageiro do imperialismo norte-americano e se dedicado, de maneira impertinente, a emitir juízos de valor sobre processos que são responsabilidade exclusiva dos venezuelanos e de suas instituições democráticas”, afirmou o comunicado.

Eleições não reconhecidas

Assim como grande parte da comunidade internacional, o Brasil não reconheceu o resultado das eleições presidenciais na Venezuela, realizadas no fim de julho.

Maduro foi declarado vencedor das eleições, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), supostamente derrotando o principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia. O resultado foi recebido com perplexidade pela grande maioria dos países democráticos ocidentais, já que o candidato oposicionista aparecia bem à frente de Maduro em todas as pesquisas dos principais institutos.

A oposição acusou o regime de fraudar a eleição, e diversos órgãos independentes internacionais apontaram irregularidades no pleito. Vários países, como o Brasil e os Estados Unidos, não reconheceram a vitória de Maduro.