A sociedade moderna e a ação racional dos sujeitos que atuam no território amazônico ao longo dos séculos de povoamento e utilização dos recursos da floresta mostram a realidade de reprodução do sistema capitalista, da predominância de projetos de acumulação de capital e da intensidade de discursos oriundos de todas as partes do mundo que trataram (e tratam) o espaço amazônico como propriedade alheia.
A globalização e, por conseguinte, a reconfiguração do mercado mundial exigiram (e exigem) do Estado brasileiro a reordenação das estratégias geopolíticas no intuito do redesenho de fronteiras, reordenamento de negociações internacionais e do modelo de integração da região amazônica ao cenário geopolítico e econômico mundial.
Imensa é a diversidade de autores e debates sobre as políticas de integração para a Amazônia, as diversas esferas envolvidas, especialmente e especificamente os amazônidas, aqueles que têm o cotidiano diretamente afetado pelo metabolismo do capitalismo do século XXI, pelas novas equações do neodesenvolvimentismo, e vivenciam na prática as políticas públicas direcionadas para a região.
Obviamente, quem se debruça a estudar a Amazônia, comunga das análises sobre sua importância para a América Latina, para o Pacífico Sul-Americano, para a relação Sul-Sul, para o capitalismo de fronteira e, acima de tudo, para os homens e as mulheres que residem nos rios, à beira d’água, subsistem da floresta e que possuem vasto conhecimento sobre o potencial das matas, dos rios, da terra, sem deixar de respeitá-los.
O amazônida, se ouvido, anseia em muito pelo progresso, pelo desenvolvimento com sustentabilidade, com tecnicidade, pela plenitude da cidadania, pela oportunidade de mostrar que o assistencialismo precisa ser substituído pelo investimento em mão obra capacitada, que os projetos precisam traçar caminhos alicerçados na tecnologia.
A atuação do Estado na Amazônia do século XXI carece deixar no passado as marcas da colonização e construir no presente a garantia de um futuro firmado no fortalecimento da fiscalização das leis, no investimento em maquinários e em tecnologias com bases sustentáveis, na ampliação da participação dos amazônidas na política, na economia, nas decisões que a eles afetam diretamente.
São muitas as plataformas tecnológicas que permitem o alinhamento do uso sustentável dos recursos naturais em prol do desenvolvimento econômico da Amazônia, sob a garantia da preservação do meio ambiente e da riquíssima biodiversidade. Não se pode escrever sobre Amazônia como se as pessoas que nela residem não necessitassem de geração de riqueza e renda. Em contrapartida, é inimaginável construir ideais de desenvolvimento que estimulem a devastação e a destruição da floresta.
É preciso desenvolver sim! É preciso empreender sim! É indispensável, de uma vez por todas, quebrar os paradigmas de incompatibilidade entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental na Amazônia. São eixos que podem e devem caminhar alinhados. As políticas públicas precisam transformar a floresta em oportunidade para melhoria das condições de vida do povo amazônida. Logicamente, é insustentável que tudo ocorra sem fundamentação na racionalidade e na cientificidade do manejo com responsabilidade socioambiental.
Antonio Roberto de Souza Góes
Tenente do QOABM/AP, graduado em Gestão Pública
Euridece Pacheco Ruella
Prof.ª. Ms.ª em Direito Ambiental e Políticas Públicas
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