GOL encerra o 2º trimestre de 2024 com prejuízo líquido de R$ 3,9 bilhões e dívida bruta de R$ 29,2 bilhões

A GOL Linhas Aéreas Inteligentes, empresa aérea brasileira que é parte do Grupo Abra, divulgou seus resultados consolidados do segundo trimestre de 2024 (2T24) na noite de ontem, 14 de agosto.

Segundo a companhia, as informações financeiras apresentadas estão em reais (R$), de acordo com as normas internacionais de contabilidade IFRS (International Financial Reporting Standards) e considerando efeitos de eventos não recorrentes para possibilitar a comparabilidade desse trimestre com os mesmos períodos do ano anterior (2T23 e 1S23).

Resultado Líquido

No Resultado Líquido reportado para o 2T24, a Companhia apurou prejuízo líquido de R$ 3,9 bilhões e prejuízo líquido ajustado de R$ 1,0 bilhão, excluindo os ganhos com variação cambial líquida de R$ 2,7 bilhões, perda de R$ 166 milhões relacionado aos Exchangeable Notes e Capped Calls, além das despesas não recorrentes de R$ 336 milhões de Chapter 11.

Receita

Apesar da queda de 7,2% na oferta de assentos disponíveis por quilômetro (ASK) na operação de passageiros, o crescimento das unidades de negócio GOLLOG e Smiles e a gestão eficiente das vendas resultaram em um crescimento da receita unitária por assento quilômetro (RASK) de 2,4% no 2T24 frente ao 2T23, com redução da receita líquida de 5,0% no trimestre.

A GOL estima que o fechamento do Aeroporto Internacional Salgado Filho gerou uma perda de receita de aproximadamente R$ 120 milhões. Excluindo este impacto, a receita líquida do trimestre teria caído apenas 2,1%.

O programa de fidelidade Smiles e a operação cargueira GOLLOG contribuíram positivamente para a receita do trimestre, com um aumento de 7,8% de outras receitas em comparação ao 2T23.

Custo

A GOL arcou com custos não recorrentes no 2T24, sendo R$ 336 milhões referentes ao processo de Chapter 11, que foram ajustados no 2T24 para fins de comparabilidade com o 2T23.

A Companhia apresentou queda significativa de 5,9% no custo total acumulado do primeiro semestre de 2024. Esta redução foi impulsionada, principalmente, pela queda de 14,3% no QAV (combustível de aviação) do período, além da queda de 22,7% nos gastos com passageiros no semestre, reflexo da diminuição de custos com o fim da parceria com uma companhia aérea regional no ano passado.

Apesar do aumento de certos custos, a redução de ASK não permitiu que a Companhia diluísse custos fixos e reduzisse seu CASK nos períodos apresentados.

EBITDA

Apesar da menor diluição de custos resultante da redução de ASK e dos desafios do trimestre, a Companhia entregou uma margem EBITDA recorrente de 18,9% no trimestre.

Ela estima que a enchente no estado do Rio Grande do Sul tenha reduzido o resultado operacional em cerca de R$ 100 milhões, devido a uma redução de R$ 120 milhões nas receitas e aproximadamente R$ 20 milhões na redução de custos, com o menor número de voos operados. Esse efeito representou uma redução de 1,9 p.p. na margem operacional do trimestre.

Fluxo de caixa

No segundo trimestre de 2024, a Companhia consumiu aproximadamente R$ 0,5 bilhão em suas operações, refletindo principalmente a decisão comercial de reduzir temporariamente o montante de factoring de recebíveis.

Em termos de CAPEX, a GOL investiu cerca de R$ 626 milhões, sendo grande parte em recuperação dos motores em manutenção.

Por fim, o fluxo de caixa financeiro da Companhia foi de R$ 1,4 bilhão no trimestre, devido ao desembolso da última parcela do DIP no valor de US$ 450 milhões e aos pagamentos das dívidas financeiras e de arrendamento.

Caixa e Endividamento

O Caixa total da Companhia (que inclui caixa, equivalentes de caixa e aplicações financeiras) atingiu R$ 2,6 bilhões. Em 30 de junho de 2024, o caixa total somado ao contas a receber totalizou R$ 5,5 bilhões, representando 30,1% da receita dos últimos doze meses.

Em 30 de junho de 2024, os Empréstimos e Financiamentos contabilizados da GOL eram de R$ 19 bilhões, dos quais R$ 5,5 bilhões são relativos ao DIP Loan. O passivo total de arrendamento era de R$ 10,2 bilhões.

A dívida bruta total do 2T24 era de R$ 29,2 bilhões, representando um aumento de 33,3% quando comparada ao 2T23. A variação cambial no período aumentou a dívida bruta em R$ 2,7 bilhões. A relação dívida líquida ajustada/EBITDA UDM atingiu 5,1x em 30 de junho de 2024.

Frota

No 2T24, a GOL adicionou uma nova aeronave Boeing 737-MAX 8 à sua frota. Além disso, como parte do plano de renovação de frota e recuperação da eficiência operacional, a Companhia devolveu duas aeronaves Boeing 737NG.

Em 30 de junho de 2024, a GOL possuía uma frota total de 141 aeronaves Boeing, sendo 47 737 MAX-8, 74 737-800NG, 14 737-700NG e 6 cargueiros 737-800BCF. A frota da Companhia é 100% composta por aeronaves narrowbody (fuselagem estreita) da família Boeing 737, todas financiadas por meio de arrendamentos operacionais.

Atualizações do Chapter 11

A Companhia atualmente espera que qualquer plano proposto de reorganização endereçará, entre outras coisas, mecanismos para dirimir reivindicações de acionistas e atuais credores contra a Companhia.

Qualquer plano proposto de reorganização estará sujeito a negociações antes de ser submetido ao Bankruptcy Court, com base em discussões com os credores da Companhia e outras partes interessadas, e posteriormente, em resposta a objeções destes e aos requisitos de confirmação do Bankruptcy Code e da confirmação do Bankruptcy Court. Não há garantia de que o Bankruptcy Court irá confirmar o plano de reorganização proposto pela Companhia.

Durante o processo de Chapter 11, determinadas negociações com os arrendadores de aeronaves da Companhia foram submetidas e aprovadas pelo Bankruptcy Court. Os respectivos contratos de arrendamento estão sendo renegociados sob os termos da reestruturação global do Chapter 11 e determinados termos contratuais foram modificados de acordo com as estipulações aprovadas pelo Bankruptcy Court.

Em junho de 2024, a Companhia iniciou a assinatura de alguns aditivos contratuais com arrendadores de aeronaves, os quais envolveram, entre outras coisas, alterações nos fluxos de pagamentos de arrendamentos, arrendamentos suplementares (reserva de manutenção, depósitos de manutenção, depósitos para garantia, entre outros), troca de motores, rejeição de motor e negociação de passivos não garantidos de aeronaves e motores, conforme detalhado na nota explicativa nº 17 e nº 18 das informações financeiras trimestrais.

Em 3 de junho de 2024, o Bankruptcy Court aprovou a extensão do prazo da Companhia para apresentar um plano de reorganização até 21 de outubro de 2024, e requerer os votos deste mesmo plano até 20 de dezembro de 2024. A Companhia poderá requerer outras prorrogações de prazos antes de sair do Chapter 11.

Em 2 de agosto de 2024, o Bankruptcy Court aprovou uma negociação com o Banco Santander S.A. (Brasil), o Banco do Brasil S.A. e o Banco Bradesco S.A., que prevê, entre outras coisas, uma linha garantida para a cessão de recebíveis.

Para conferir o relatório completo de resultados da GOL Linhas Aéreas para o 2º trimestre de 2024, clique aqui.

Fonte: Aeroin