O choro do pai insiste em martelar na cabeça de milhões de indignados. Cada palavra é um açoite. No Dia das Crianças no Brasil, circulou a reportagem da CNN com Thomas Hand, um irlandês que há 3 décadas foi para Israel e não mais saiu. Viúvo, o pequeno agricultor morava num kibutz próximo a Gaza com a filha de 8 anos, Emily.
Na noite de 6ª feira (6.out.2023), Emily pediu para dormir na casa de uma amiguinha. Ele permitiu. A comunidade rural é como uma família de 1.000 pessoas. Ao amanhecer, acordou com a invasão do impiedoso grupo terrorista Hamas, uma versão da SS (Schutzstaffel) da 2ª Guerra, que só parou ao trucidar 12% dos habitantes da vila rural. Horas depois, sem o paradeiro da filha, Thomas estava num hotel usado como abrigo às margens do mar Morto.
As lágrimas em frente às câmeras da CNN inundaram-lhe o rosto depois de saber que Emily havia sido assassinada pelos monstros do Hamas. Mas o pranto não era de tristeza. “Yes!”, vibrou Thomas com o gesto típico de quem comemora. “A morte foi uma bênção”. Se perder filho é a dor suprema, por que o pai não explodiu em negativas? Quem conhece a rotina de Gaza reconhece que o inferno é onde o Hamas está.
A dor de Hand divide a tela com a imagem de Emily em um campo florido, com seus cabelos loiros ao vento e um picolé de 3 cores desenhado na camisa celeste. Emily e outras centenas de crianças, idosos e mulheres foram barbarizados não com míssil avariado vindo de longe na tentativa de atingir algum quartel do Exército israelense. Seu algoz entrou no bunker que é obrigatório nas residências, inclusive na da amiguinha. Emily foi assassinada cara a cara.
Enquanto olho a foto de Emily pela enésima vez e vejo Thomas repetir que ruim para a filha teria sido sobreviver refém do Hamas, relembro minha infância numa torre de babel em região com nome de militar, Marechal Rondon, em Goiânia.
Havia espanhóis, italianos, turcos, judeus, palestinos e iugoslavos. Espanhóis não exatamente da Espanha, turcos não necessariamente da Turquia. Por Iugoslávia, entenda-se a meia dúzia de países de agora. Árabes de vários lugares. Judeus do mundo inteiro. Nosso idioma era o da molecada, empinar pipa sob o céu do Planalto Central e jogar bola na rua. A religião que aflorava era obedecer aos gritos da mãe para comer e tomar banho.
Ao crescer nessa Assembleia Geral da ONU mirim, sumiu a noção de fronteira. Sem ódio. Sem racismo. Sem divisão de classe. Indo nas igrejas uns dos outros. Todos com apelido. O meu, cunhado por palestinos, era Abu. Grandão, gordão, cara de índio, só podia ser abu, “pai de” em árabe. Pai de quem, pai de quê? Ninguém nem aí para origem, patrimônio, raça, religião e aparência.
O pai de Emily e ela não tiveram essa chance porque o Hamas estabeleceu o mesmo objetivo de sua fonte de inspiração, Hitler: eliminar os judeus. As recentes ações do grupo terrorista reafirmam que estão em busca da solução final determinada pelo nazista.
O problema atravessa o Mediterrâneo e Atlântico transportado por parte da esquerda brasileira, que considera normal degolar bebês, estuprar mulheres, sequestrar centenas de jovens e assassinar civis. Os esquerdistas olham para Emily e, em vez de perdão, pedem um print da tela com as flores.
Investigações devem mostrar como o Hamas conseguiu tantas vítimas no terreno mais vigiado do planeta. Por enquanto, a discussão que interessa é o assessor da Presidência da República para assuntos internacionais, Celso Amorim, chamar carnificina do Hamas de reação a “anos e anos de tratamento discriminatório”.
Foi praxe entre seus colegas de governo no Brasil, em Cuba, Nicarágua e Venezuela.
No mínimo, a companheirada de Amorim equiparou a ação do Hamas à legítima defesa de Israel. Ou seja, na interpretação desses desumanos, a matança de crianças se equivale à proteção dessas crianças.
Dois ministros, o da Comunicação e o das Relações Institucionais, já assinaram manifesto condenando a Inglaterra por chamar o Hamas daquilo que ele é, uma organização criminosa montada para praticar o terrorismo.
O ministro dos Direitos Humanos, tão eloquente para expelir aleivosias, emudeceu quanto pôde até ancorar-se na dubiedade e repudiar “ataques contra a população civil”. Como a coragem é menor que a desfaçatez, evitou citar o Hamas para os militantes entenderem que o referido é Israel.
Thomas define Emily como divertida e brilhante, talentosa para dançar e cantar. Infelizmente, foi tirada dos meninos do kibutz a chance que os do Marechal Rondon tivemos, a de brincar, dançar e cantar em paz.
É um ato até de traição da esquerda absolver os assassinos de Emily. As famílias de Be’eri votam tradicionalmente na esquerda. Têm ótima convivência com os vizinhos de Gaza. Disseram à CNN que crianças palestinas estudam em escolas de Be’eri e seus pais trabalham na lavoura por ali.
As pessoas de bem não têm raça além da humana, não discriminam por religião. Só querem tocar a sua vida, seja em Israel, Gaza, Cisjordânia ou no setor Marechal Rondon.
Hand perdeu a mulher e a única filha, não o discernimento: “Pior que a morte é o que eles [do Hamas] fazem com as pessoas em Gaza”. Para Thomas e os demais do kibutz, os lavradores palestinos são seus iguais. Quando as famílias do outro lado ficam impedidas de atravessar, os moradores de Be’eri se juntam, recolhem víveres em roça por roça e levam para elas. São conscientes de que o inimigo é outro, um bando de ladravazes que vivem do suor alheio e aprontam o horror em nome de um Deus que nada tem a ver com suas atrocidades. Falta explicar isso também para a esquerda brasileira.
Cadê o Ministério das Mulheres se revoltando com a violência sexual cometida pelo Hamas contra palestinas e israelenses das mais diversas idades? A Secretaria Nacional da Juventude segue a letargia delituosa de seu guarda-chuva, o Ministério dos Direitos Humanos, e soltou simplesmente zero sílaba em protesto contra a chacina de jovens judeus numa rave se divertindo. É mais fácil essa rapaziada vermelha de tanto sugar verba perguntar por que Juarez Petrillo, o DJ Swarup, pai do superstar Alok, estava numa rave do outro lado do mundo que postar algo contra o Hamas.
É imprescindível estabelecer um Estado palestino e um judeu, que convivam bem como irmãos que são. Palestino não é terrorista, terrorista é o Hamas. Israel nunca matou milhões, muito menos de inocentes. Porém, esse raciocínio exterminou 6 milhões de judeus na 2ª Guerra. Falou-se diuturnamente em genocídio nos últimos anos. Esse aí é a mais completa tradução.
Magnífico artigo. Coerente com sempre meu nobre Senador/Presidente da República.
Infelizmente não o conheço pessoalmente, mas admiro muito o senhor.
Trabalhei com seus irmãos no antigo Cerne e temos um amigo que considero como irmão, Jorge Braga