Desde que a China flexibilizou a rígida política de ‘covid zero’ no começo do mês, o país tem vivido um surto de coronavírus que lota hospitais, deixa farmácias sem medicamento e os crematórios saturados. Diante deste cenário, o epidemiologista chinês da ONU, Eric Feigl-Ding, alertou para o risco de milhões de mortos e afirma que 10% da população esteja infectada nos próximos 90 dias.
“Estima que 60% dos chineses e 10% da população da Terra provavelmente infectada nos próximos 90 dias. Mortes prováveis na casa dos milhões. Este é apenas o começo”, escreveu em sua conta no Twitter, dizendo que essa situação vai ter um impacto econômico global.
De nordeste ao sudoeste, trabalhadores de crematórios de todo China disseram que não conseguem acompanhar o aumento das mortes. Um funcionário comentou que seu crematório ficou sem espaço para armazenar cadáveres.
“O número de corpos aumentou nos últimos dias”, declarou, sem fornecer seu sobrenome. “Estamos muito ocupados, já não há espaço refrigerado para guardar cadáveres”, acrescentou. Outro trabalhador disse que estavam cremando mais de 30 cadáveres por dia. “Recebemos corpos enviados de outros distritos. Não há outra opção”, relatou. “É três ou quatro vezes mais do que nos anos anteriores, estamos queimando cerca de 40 cadáveres por dia, quando antes era apenas uma dúzia”, declarou.
“Um ou dois milhões de mortes na China é um número muito comum ultimamente – eu vi os modelos – certamente é possível”, escreveu o especialista Feigl-Ding em outra publicação no Twitter, em que chamou atenção do governo para odoção de medidas. O número “pode ser maior se o governo não fizer nada, menor se o governo restringir o vírus com mitigações pesadas novamente”, escreveu, acrescentando que “o pessoal anti-China-zero-COVID deveria aceitar sua mão nisso”, falou se referindo a atual situação que o país tem vivido.
Feigl-Ding, que é chefe da Força-Tarefa Covid no instituto de Sistemas complexos de New Englad, explicou que o alto número de casos se deve a agilidade de contaminação do vírus.
“O tempo de duplicação na China pode não ser mais de dias. O tempo de duplicação agora possivelmente ‘horas’”, afirmou.
Um estudo realizado sobre o fim do programa de covid zero na China, publicado na revista Nature, prevê alta de até um milhão de chineses mortos nos próximos meses. O resultado coincide com o relatório de Hong Kong.
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