Por Rodrigo Augusto
Cerca de 40 toneladas de material hospitalar recebem destinação final adequada em Aparecida mensalmente; veja o passo a passo do processo
Descartar regularmente insumos hospitalares é uma preocupação permanente de especialistas em vigilância sanitária, meio ambiente e de administradores públicos. Aparecida de Goiânia, através das secretarias municipais de Saúde (SMS) e Desenvolvimento Urbano (SDU) cumpre rigorosamente as determinações legais que especificam destinação segura ao material utilizado em unidades hospitalares e similares.
A vigilância biológica e o volume de insumos aumentaram com advento da pandemia de Covid-19. Em média, são descartadas cerca de 40 toneladas de insumos hospitalares mensalmente em Aparecida, entre eles, os utilizados no tratamento e vacinação contra a doença. Para evitar novas contaminações e danos ao meio ambiente, Aparecida conta com serviço de uma empresa especializada na coleta, tratamento e destinação final do material, pois esse tipo de lixo não pode ser descartado igualmente os resíduos domésticos.
“Estudos científicos apontam que o novo coronavírus pode sobreviver por um período de até 72h em determinadas superfícies, a Covid-19 é uma doença contagiosa. Os cuidados no manejo com esse tipo de material começam ainda dentro das unidades de saúde, onde os profissionais utilizam os EPi’s e empregam técnicas próprias no momento do descarte e são modelo de manejo para outras cidades”, pontua o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, Max Menezes.
O processo de descarte regular de todo ‘lixo’ hospitalar compreende uma série de etapas, conforme o tipo de cada insumo. Habilitada para este trabalho, a Resíduo Zero – empresa contrata pela Prefeitura de Aparecida – recolhe, separa, trata e dá destinação correta a seringas, agulhas, algodão, vasilhames de medicamentos, gases, máscaras de proteção facial, luvas, EPI’is descartáveis e outros. Veja abaixo o passo a passo deste processo!
Coleta
Após o descarte nas salas ambulatoriais, centros cirúrgicos e postos de vacinação como os drive-thrus, os insumos são, de acordo com as determinações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), acondicionados em embalagens impermeáveis e resistentes à vazamento. O volume armazenado em cada embalagem deve respeitar o limite de peso indicado pelo fabricante. Além disso, o recipiente identifica que o material é hospitalar. Em seguida é depositado em local específico com acesso restrito.
Já separado, identificado e armazenado em local seguro, o ‘lixo’ hospitalar é coletado pela empresa responsável. A preparação para esta etapa começa logo que a equipe chaga ao local indicado. Os profissionais devem utilizar equipamentos de proteção como máscara com filtro especial, luvas, botas, avental e boné. Além disso, alguns cuidados durante o manejo devem ser considerados como, por exemplo, não abraçar os sacos, evitando acidentes caso algum objeto perfuro cortante tenha sido descartado em embalagem inadequada. Agulhas, por exemplo, são armazenadas em caixas de papelão adequadas e sinalizadas.
Transporte
Finalizada a coleta diária nas unidades de saúde de Aparecida de Goiânia, a empresa transporta o material recolhido até o Aterro Sanitário Municipal para pesagem. Em seguida, segue para Unidade de Valorização Sustentável localizado na região rural de Guapó, na Região Metropolita.
A UVS está credenciada para o tratamento e disposição final dos resíduos Classe I (vacinas vencidas, materiais com sangue, tecidos humanos e animais, órgãos humanos e animais, animais contaminados, fluidos orgânicos, secreções e matéria orgânica humana em geral), Classe B (materiais contaminantes, restos de remédios e resíduos químicos) e Classe E (resíduos perfurocortantes em geral como agulhas, bisturis escalpes e outros).
Tratamento
Quando o caminhão chega à empresa, o material é descarregado em um galpão para início do processo de tratamento. “O resíduo infectante apresenta em sua composição processos onde ele pode gerar contaminação do solo, contaminação de pessoas, contaminação do ar e incêndio. Quando falamos em resíduos Classe I precisamos de uma atenção especial; precisamos de veículos adequados, pessoal treinado e EPI ‘s”, alerta a engenheira ambiental e supervisora da empresa, Bárbara Magalhães.
Após descarregado, o material hospitalar é acondicionado em grandes ‘carrinhos’ antes de ser inserido, através de trilhos, em uma autoclave. Na autoclave, o material é exposto a uma temperatura e pressão elevada chegando até 150°. Em cada procedimento de tratamento é realizado diversos testes para comprovar que após o tratamento os insumos tornaram-se incapazes de gerar qualquer tipo de contaminação. As provas são impressas e armazenadas no arquivo da empresa
Com testagem em massa da população, avanço da vacinação contra Covid-19 e aumento da demanda por atendimento médico em meio a pandemia, o volume de insumos hospitalares em Aparecida aumentou. Os cuidados sanitários com este material também. “Observamos que desde o início da pandemia a quantidade de resíduos coletados nos hospitais e demais unidades de saúde aumentou bastante. Com isso, nós também aumentamos a preocupação para que a coleta continuasse sendo realizada com pontualidade já que nos resíduos (de covid) existe um potencial de contaminação”, lembra a engenheira ambiental.
Retirada do tanque de autoclave, a carga de resíduos é novamente colocada em um caminhão compactador. Em seguida, segue para o aterro sanitário localizado dentro do complexo da empresa. Dispensado no aterro o material é espalhado por um trator de esteira e compactado várias vezes antes de finalmente receber diversas coberturas de terra.
Reconhecimento
Responsável técnica pelo processo de tratamento e destinação final dos insumos hospitalares coletados em Aparecida, a engenheira ambiental Bruna Magalhães destaca que a cidade serve de exemplo. “Contamos sempre com o apoio dos gestores para que o lixo seja segregado, transportado e tratado como pede a legislação. Observamos muito essa preocupação em Aparecida”.
Segurança Final
Para garantir total segurança ambiental, o aterro sanitário da empresa é dotado de tecnologia de ponta. A impermeabilização do solo é assegurada graças ao selamento de sua base e tripla camada de proteção. Uma das camadas de proteção é feita com a utilização de geomembrana de polietileno de alta densidade. Isso impede a contaminação do solo e lençol freático.
O sistema de drenagem interna do aterro faz a captação dos gases e chorumes gerados pela decomposição da matéria orgânica. Os gases serão queimados na saída do sistema, evitando a poluição atmosférica. O chorume drenado recebe tratamento adequado, tornando-se água reutilizada na umidificação das vias internas da empresa.
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