O presidente Jair Bolsonaro lamentou, hoje (30), a morte de Genivaldo de Jesus Santos, ocorrida na BR-101, no município de Umbaúba (SE), na última quarta-feira (25), após abordagem de policiais rodoviários federais. Segundo o presidente, a justiça será feita “sem exageros”. “Lamentamos o ocorrido e vamos com serenidade fazer o devido processo legal para não cometermos injustiça e fazermos, de fato, justiça”, disse Bolsonaro.
O presidente e os ministros do Desenvolvimento Regional, Saúde, Justiça e Segurança Pública, Cidadania e Turismo participaram de uma coletiva de imprensa hoje (30), após sobrevoo das áreas mais atingidas pelas chuvas no Recife.
O Ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, afirmou que foram instaurados processo administrativo no âmbito da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e um inquérito na Polícia Federal (PF) e que a apuração do caso será “a mais breve possível”. “O que tinha que ser feito pelo Estado já foi feito e agora é aguardar a finalização”, disse o ministro.
No sábado, o Conselho Federal e a Seccional de Sergipe da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) divulgaram nota em que manifestam indignação pelo assassinato “praticado com fortes indícios de tortura”. Segundo a nota, a OAB atuará diretamente no caso para cobrar providências como a prisão cautelar dos envolvidos.
Também no sábado, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) publicou um vídeo nas redes sociais no qual afirma que não compactua com a abordagem feita pelos agentes envolvidos na morte de Genivaldo de Jesus Santos, ocorrida na BR-101, em Sergipe, na última quarta-feira (25) no município de Umbaúba, localizado no sul do estado.
“Assistimos com indignação os fatos ocorridos na cidade de Umbaúba (SE), em que uma ação envolvendo policiais rodoviários federais resultou na morte do senhor Genivaldo de Jesus Santos. Não compactuamos com as medidas adotadas durante a abordagem ao senhor Genivaldo. Os procedimentos vistos durante a ação não estão de acordo com as diretrizes expressas em cursos e manuais da nossa instituição. A ocorrência dessa última quarta-feira e a morte recente de dois PRFs no estado do Ceará implicou na avaliação interna dos padrões de abordagens. Afirmo que já estamos estudando os nossos procedimentos de formação, de aperfeiçoamento e operacionais para ajustar o que for necessário a fim de prestar um serviço de excelência que o órgão vem fornecendo ao povo brasileiro”, declarou.
O Caso
Genivaldo de Jesus Santos, 38 anos, que tinha problemas psiquiátricos, foi morto na última quarta-feira por agentes da PRF, asfixiado, dentro do camburão de uma viatura da corporação. O crime aconteceu por volta do meio-dia. Genivaldo pilotava uma motocicleta sem capacete.
Os PRFs mandaram ele parar e a vítima atendeu ao pedido. Desceu da motocicleta, colocou o veículo no tripé e obedeceu todas as ordens dos policiais.
Imagens gravadas por testemunhas mostram que, a todo tempo, a vítima contribuiu com a abordagem, calmamente. Mesmo assim, os policiais gritavam o tempo todo, chamando palavrões, inclusive.
Após alguns instantes, Genivaldo se incomoda com a abordagem violenta e tenta se desvencilhar dos agentes. Ele é contido por dois, que o derrubam no chão.
Logo depois, os PRFs levam Genivaldo para o camburão de uma viatura. O homem fica com as pernas para o lado de fora e tem os membros inferiores pressionados pela porta.
Num ato que está sendo denunciado como de tortura, os policiais introduzem gás que provoca grande quantidade de fumaça. Do lado de fora, pessoas gritaram alertando que Genivaldo poderia morrer. Os gritos da vítima são ouvidos por alguns segundos e a fumaça toma conta do veículo, que estava com as janelas fechadas.
Ao abrirem a porta do camburão, Genivaldo não se mexe mais. Ele tem as pernas jogadas para dentro do veículo. Os policiais entram no carro e vão embora.
Genivaldo deixa esposa e filho.
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