Renato Dias
Negro, Rei dos Clássicos, nascido em Três Corações, a terra de Pelé, o camisa 10 do Vila Nova Futebol Clube, Alan Mineiro, está mais para Muhamad Ali ou Cassius Clay, lutador de boxe dos EUA que não quis matar no Vietnan, do que para a servidão voluntária de Edson Arantes do Nascimento. O gênio que colaborou com a ditadura civil e militar. Nos Anos de Chumbo. Alvo de ataques, ele acabou punido por ousar revoltar-se contra arbitragem eivada de vícios.
No clássico Goiás e Vila Nova, domingo último, em Goiânia. Ao cuspir na bandeira verde.
Justiça, sem direito ao contraditório, a um julgamento imparcial, distante das paixões de cores, não é justiça. É execução. Sumária. É o que o Superior Tribunal de Justiça Desportiva [STJD], da Federação Goiana de Futebol [FGF], protagonizou ao sentenciar o craque colorado com cinco dias de gancho. Além da ameaça de afastá – lo dos gramados. Por dois anos consecutivos. O atleta possui 33 anos de idade. Medida que poderá aposentá – lo. Triste. Não fosse patético.
Não custa lembrar. Os registros da História.
Presidente do Conselho Deliberativo do Goiás, Hailé Selassiê Pinheiro, que despreza até sua democracia interna, em 2011, afirmou que o Vila Nova Futebol Clube apanhava, apanhava e não cansava de apanhar. Após o empate, em 2 a 2, brigas, socos e pontapés em campo, entre os jogadores, e de torcidas adversárias, extracampo. Com morte. O nome do velho cacique sequer foi ventilado por estimular o conflito e quem sabe, ser processado em um julgamento.
Quem é esse senhor?
Já o desconhecido técnico Glauber – Do que? _ provocou o rival ao supor que o colorado teria comemorado evitar o alviverde na reta final do Estadual de 2021. Desnecessário. Treinador em início de carreira, Augusto César, novato, afirmou que a bandeira do Goiás, alvo de protesto, com uma cusparada, seria incinerada. Palavras duras a um ser humano. Por ter a cor da pele diferente da sua? Em cena de pirotecnia midiática, o Goiás ‘desinfectou’ a bandeira. Motivo?
Alan Mineiro havia sido submetido, antes do jogo, ao teste que mostrou o atleta livre do Coronavírus Covid 19.
Espetacularização midiática
O árbitro Eduardo Tomaz teria desrespeitado tanto Alan Mineiro quanto Pedro Bambu. Não é papel de um juiz no futebol. Longe. Tal desfaçatez. Além de não marcar um, dois, três pênaltis para o Vila Nova e não ter visto empurrão do camisa 4 esmeraldino contra Willian Formiga. O que explica o atraso do ala esquerda em chegar na bola do gol. Irregularidade. Não marcada. O árbitro influenciou, sim, de maneira ostensiva, flagrante, o resultado do clássico. Domingo.
Alan Mineiro não merece punição. É vítima. A decisão do STJD é política. A um negro. Rei dos Clássicos. Atleta que não se cansou de bater no Goiás. De estufar as redes adversárias. Sob forte comoção, ousou revoltar – se contra um árbitro. Parcial. O que despertou ódio. Por ser ídolo do primeiro clube goiano na Era Profissional tricampeão, tetracampeão, a disputar campeonatos nacional e internacional, tricampeão brasileiro e do maior público presente, dos últimos 11 anos, no Estádio Serra Dourada, o ‘Templo do Futebol’, que completou 46 anos.
Eduardo Tomaz: J ‘ Accuse!
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