BBC Brasil – Em meio às enchentes que atingem o Rio Grande do Sul, o ecólogo Marcelo Dutra da Silva, doutor em ciências e professor de Ecologia na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), defende que o plano de reconstrução do Estado precisa ser mudado de forma efetiva. Em entrevista à @bbcbrasil, o acadêmico pontua que é preciso considerar a adaptação desses locais a eventos climáticos extremos. “Não adianta querer reconstruir tudo o que foi destruído nesse evento de agora tentando fazer como era antes. Isso já não dá mais”, disse.
Segundo Marcelo, a resposta do poder público diante de tal tragédia precisará mudar e priorizar as áreas seguras e resistentes a essas variações climáticas. Ele ainda reforça que não basta retirar a população de áreas vulneráveis, mas avaliar o crescimento urbano nestes locais. “Cidades inteiras vão ter que mudar de lugar. É preciso afastar as infraestruturas urbanas desses ambientes de maior risco, que são as áreas mais baixas, planas e úmidas, as áreas de encostas, as margens de rios e as cidades que estão dentro de vales”, pontua.
Em 2022, em audiência pública na Câmara Municipal de Pelotas (RS), Marcelo já havia alertado sobre o despreparo de algumas cidades gaúchas diante de chuvas extremas. “O comportamento das chuvas mudou. Eu tenho feito um levantamento e já percebi que de 2013 para frente nós temos um acumulado de precipitação no mês de mais de 300 mm […] Em algum momento, vamos começar a ver [inundações] em áreas em que a água não chegava com tanta frequência e vamos lembrar disso que estamos falando aqui”, disse ele à época.
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