Nesta terça-feira (9), a farmacêutica indiana Bharat Biotech, que desenvolve a vacina contra COVID-19 Covaxin, informou que poderá realizar as primeiras exportações de imunizantes para o Brasil e os Emirados Árabes Unidos (EAU) ainda nessa semana.
“Essencialmente, sim”, respondeu a porta-voz da empresa quando questionada sobre a possibilidade de as exportações começarem já nessa semana, reportou a Reuters.
Além de fornecer 5,5 milhões de doses da Covaxin para o governo indiano, a Bharat Biotech quer exportar mais 4,5 milhões em investida comercial e diplomática, que pode favorecer a imagem internacional da Índia.
Na semana passada, a Índia aprovou a exportação de imunizantes produzidos pelo Instituto Serum para países como o Camboja, Afeganistão, Mianmar, Bangladesh, Nepal, Sri Lanka e Maldivas.
Ao todo, Nova Deli vai fornecer cerca de 15,6 milhões de doses da vacina para 17 países, tanto por venda comercial quanto por doações, informou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Anurag Srivastava.
“A Índia pode usar sua infraestrutura farmacêutica para criar uma imagem global de país que se preocupa com […] os problemas mundiais e com o bem-estar dos países em desenvolvimento”, disse Umesh Mukhi, professor do Departamento de Administração da FGV, à Sputnik Brasil.
A iniciativa pode ajudar a mitigar a escassez de vacinas contra a COVID-19 em países em desenvolvimento, que dependem de iniciativas multilaterais como a Covaxin para terem acesso a imunizantes.
Vacina indiana no Brasil
No Brasil, a Anvisa recebeu o pedido de autorização para realização de testes da fase três com a vacina indiana Covaxin em território nacional no dia 5 de fevereiro. O pedido é de autoria do laboratório Precisa Farmacêutica em parceria com a Bharat Biotech.
A coordenação do estudo fica a cargo do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein. O estudo contará com a participação de cerca de três mil voluntários, que receberão duas doses do imunizante, com 28 dias de intervalo.
“[Essa parceria] pode funcionar muito bem no caso de Índia e Brasil porque temos um ambiente institucional que, tanto por razões positivas quanto negativas, está aproximando os dois países”, disse Mukhi.
Esse ambiente teria sido criado durante visita do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, à Índia, em janeiro do ano passado. Bolsonaro foi convidado de honra do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, para as celebrações do dia da República indiano.
“As lideranças estão aproximando os países”, disse Mukhi. “Isso facilita o acesso de empresas farmacêuticas indianas ao mercado brasileiro.”
Na ocasião da visita, fotos do líder brasileiro foram estampadas nas ruas da capital do país, Nova Deli. Porém, as homenagens a Bolsonaro não devem ser superestimadas, já que também foram concedidas a Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo Mukhi, “apesar dos dois [líderes] estarem na categoria de extrema direita […] não é que eles se encontrem regularmente ou tenham uma plataforma comum”.
No entanto, “podemos notar que quando Bolsonaro escreveu uma carta para Modi solicitando lotes de hidroxicloroquina, [a Índia] liberou a carga. Claro que esse foi um gesto positivo que fortaleceu as relações”, lembrou o professor.
O relacionamento “que sempre foi bom” não está livre de desentendimentos. Em 2020, o Brasil rejeitou uma proposta da Índia e da África do Sul na Organização Mundial do Comércio (OMC) para suspender patentes de produtos relacionados à COVID-19.
“Desentendimentos são completamente normais, mas usá-los como uma espada para bloquear iniciativas não é algo que a Índia faria”, acredita Mukhi. “A política externa indiana não é baseada em vingança.”
Virada a página, o Ministério da Saúde informou que quer adquirir 20 milhões de doses da vacina Covaxin.
Fonte: Sputnik Brasil
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