Cuidado! Armas de gel levam jovens a procurarem atendimento médico por lesões oculares

Apresentadas como uma diversão inofensiva, as arminhas de gel, que viraram febre em diversas cidades brasileiras recentemente, podem provocar ferimentos graves, especialmente nos olhos. É o que afirma a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), que emitiu um alerta sobre os riscos dessas “brincadeiras” para a visão. Os aparelhos disparam pequenas bolinhas de gel e se tornaram populares entre crianças e adolescentes, levando grupos a organizarem “batalhas” por meio das redes sociais. As disputas frequentemente ocorrem nas ruas, como uma espécie de “paintball” de bairro.

Mas o dispositivo tem causado problemas, fazendo com que algumas cidades adotem medidas de segurança. Em Olinda e Paulista, no Grande Recife, em Pernambuco, as arminhas foram proibidas após deixarem dezenas de feridos, por exemplo. Segundo a Fundação Altino Ventura (FAV), referência em oftalmologia na região, entre os dias 30 de novembro e 27 de dezembro – data do último boletim -, cerca de 90 pacientes foram atendidos na emergência com lesões oculares provocadas por projéteis de gel. Os ferimentos identificados variam entre arranhões na córnea, inflamações e sangramentos e até perda total da visão, diz a instituição. Casos semelhantes também foram registrados em São Paulo, no Rio de Janeiro e em outras cidades brasileiras.

O que diz a lei?

O Inmetro não considera as armas de gel como brinquedos e não as recomenda para menores de 14 anos. A Lei 9.437, de 1997, proíbe a venda de simulacros que possam parecer armas de fogo reais. No entanto, o uso de armas de gel para recreação não é crime. 

“As armas de gel (feita de polímero superabsorvente), que se tornaram comuns no mercado nacional, não são considerados brinquedos. São produtos destinados ao público adulto, ou seja, pessoas acima dos 14 anos. Crianças não devem portar ou usar esse produto”, afirma Marcelo Monteiro, coordenador executivo e de gestão da diretoria de avaliação da conformidade do Inmetro.

Segundo Monteiro, um brinquedo, para que possa ser definido como tal e ser liberado para crianças, passa por diversos testes de segurança.

“Deve ter algumas características no objeto para demonstrar que não é uma arma de verdade ou um simulacro. Um deles é a ponta laranja, indicando que não é uma arma. Só que o das armas de gel é destacável. O projétil dessa arma sai em uma velocidade muito maior do que a norma estabelece”, ele reforça.