A Cúpula do G77+China, realizada recentemente em Cuba, resultou em um apelo para reformar a arquitetura financeira internacional.
O G77+China é um grupo de países em desenvolvimento que busca promover interesses comuns.
Durante a cúpula, os líderes do G77+China expressaram preocupação com a desigualdade econômica global e destacaram a necessidade de uma reforma abrangente do sistema financeiro internacional. Eles argumentaram que a atual arquitetura financeira beneficia os países desenvolvidos, enquanto limita as oportunidades de crescimento dos países em desenvolvimento.
Para o professor Luís René Fernández Tabío, do Centro de Pesquisas da Economia Internacional da Universidade de Havana, a cúpula ocorreu no “contexto da transição em direção a um novo multilateralismo mais equilibrado e justo, e depois da Cúpula do BRICS, com a expansão de seus integrantes e as repercussões nas atuais crises e tensões”.
Para ele, na ordem mundial contemporânea, países como a China, Brasil, Argentina, África do Sul e Índia são influentes na busca pela reconfiguração do cenário econômico e político de modo a que represente os interesses das nações em desenvolvimento, e Cuba, como presidente temporário, tentará avançar com esses processos.
“A cúpula aconteceu em um momento de grande turbulência e enorme complexidade, que está muito longe de sua estabilização. Embora exista uma concordância entre os analistas sobre o caminho para um novo multilateralismo, sua caracterização não está clara. Além disso, as atuais tensões geopolíticas aceleram as mudanças para outro sistema internacional”, afirmou à Sputnik.
Os líderes do G77+China também destacaram a importância de promover a cooperação entre os países em desenvolvimento, enfatizando que essa cooperação pode desempenhar um papel crucial no fortalecimento da posição desses países na economia global.
Além disso, os líderes do G77+China enfatizaram a necessidade de aumentar a participação dos países em desenvolvimento nas instituições financeiras internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.
Eles argumentaram que a representação e a voz dos países em desenvolvimento nessas instituições devem ser fortalecidas para tornar o sistema financeiro internacional mais equitativo e inclusivo.
“Os benefícios de uma parte do mundo devem se estender a todo o planeta, mediante a uma política inclusiva que disponibilize o conhecimento útil para o progresso à comunidade universal. Cuba é um exemplo de resiliência, tenacidade e capacidade de superação. Pode dar lições de dignidade e capacidade de se mover em um ambiente hostil e sem recursos”, destacou à Sputnik o jornalista italiano Fabrizio Casari.
Papel da China
A China desempenha um papel importante no G77+China, sendo um dos principais países em desenvolvimento e uma das maiores economias do mundo.
Além disso, o gigante asiático segue buscando fortalecer a cooperação Sul-Sul e promover os interesses dos países em desenvolvimento em fóruns internacionais.
O especialista Eduardo Regalado Florido, do Centro de Pesquisas de Política Internacional, afirmou à Sputnik que a China tem plena identificação com o bloco, mantendo uma estratégia de apoio sistemático.
“Isso se deve ao profundo subdesenvolvimento que esse país experimentou, suas atuais características econômicas e políticas e os compromissos e propósitos de uma modernização do tipo socialista. O gigante asiático oferece os meios e a ajuda necessária para as reivindicações coletivas do grupo e os apoia nos processos de negociação internacional”, explicou.
Ele também observou que a China é líder na cooperação Sul-Sul e, em sua política exterior, impulsiona as ações coerentes com este grupo, valorizado como o principal bloco negociador dos países em desenvolvimento dentro do sistema das Nações Unidas, entre elas, a iniciativa para o Desenvolvimento Global, o Cinturão e Rota e a interrelação cultural entre as nações.
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