Quando se trata dos efeitos do calor extremo no corpo humano, as consequências podem ser graves. Isso foi destacado em um estudo abrangente por Camilo Mora, pesquisador da Universidade do Havaí. Sua investigação, resultando em uma publicação significativa no periódico Circulation: Cardiovascular Quality and Outcomes, descobriu achados alarmantes. Mora e sua equipe analisaram meticulosamente a literatura científica para entender os impactos de temperaturas elevadas na fisiologia humana. Suas descobertas não são apenas alarmantes; elas retratam um desafio crítico de saúde em nosso mundo em aquecimento.
O estudo revelou que o calor extremo afeta o corpo humano por meio de cinco mecanismos fisiológicos, impactando sete órgãos diferentes. Esse efeito dominó do estresse térmico no corpo é profundo. As consequências mais graves incluem a formação de coágulos sanguíneos no cérebro e danos significativos ao suprimento sanguíneo de órgãos vitais. Essa cascata de eventos é desencadeada pelo hipotálamo, a parte do cérebro responsável por regular a temperatura corporal. Na tentativa de resfriar o corpo, o hipotálamo desvia o fluxo sanguíneo para a pele, negligenciando outros órgãos críticos. Essa resposta desesperada pode levar à isquemia, uma condição em que partes vitais do corpo são privadas de sangue e oxigênio.
As ramificações dessa resposta fisiológica são extensas e alarmantes. A equipe de pesquisa de Mora criou uma tabela detalhada delineando as consequências potenciais da exposição prolongada ao calor elevado. Ao todo, são 27 formas possíveis de morrer pelo calor. Os achados são marcantes: morte cerebral, ataques cardíacos, danos intestinais, falência hepática e renal, e circulação pancreática comprometida são apenas alguns dos possíveis resultados. Além disso, o calor pode criar um ambiente tóxico para as células, levando à morte massiva de neurônios e células cardíacas. Isso pode resultar na falha de órgãos essenciais como os rins, fígado e pulmões.
O estudo também destaca o risco de inflamação e formação de coágulos devido ao calor excessivo. A formação de coágulos incontrolável pode bloquear o fluxo sanguíneo para órgãos críticos, potencialmente levando a resultados fatais. Além disso, a morte de células musculares esqueléticas pode liberar mioglobina na corrente sanguínea, interrompendo a função dos rins, fígado e pulmões, e potencialmente causando sangramento interno generalizado.
É importante entender que os impactos mais mortais do calor ocorrem quando temperaturas elevadas combinam com altos níveis de umidade. Por exemplo, a exposição a uma temperatura de 35ºC com 85% de umidade pode ser letal em poucas horas. Mesmo que o calor não mate imediatamente, seus efeitos a longo prazo podem causar danos substanciais ao corpo.
Ondas de calor, embora aparentemente raras, tiveram impactos devastadores na história recente. A onda de calor europeia de 2003 reivindicou 70.000 vidas, e a onda de calor russa de 2010 resultou em mais de 10.000 mortes. Mais recentemente, uma onda de calor na Índia em 2015 matou 2.000 pessoas. Esses eventos sublinham a natureza letal do calor extremo.
A crescente frequência de tais ondas de calor é uma preocupação crescente para os cientistas. Desde 1980, ocorreram aproximadamente 800 desses incidentes. Com as temperaturas globais em ascensão, os especialistas temem que essas ondas de calor mortais se tornem mais comuns, representando uma ameaça significativa à saúde pública. O estudo de Mora é um alerta, destacando a necessidade urgente de estratégias para mitigar o impacto do calor extremo na saúde humana. À medida que nosso planeta continua a aquecer, entender e se preparar para as implicações de saúde das ondas de calor não é apenas importante; é imperativo para nossa sobrevivência.
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