Ontem (8), manifestantes incendiaram um prédio do governo do estado de Guerrero, no México, em Chilpancingo, no sul do país, e também queimaram cerca de 12 carros estacionados. Os protestos surgiram em busca de respostas sobre o caso dos 43 estudantes desaparecidos de uma faculdade em 2014. Na semana passada, um jovem morreu e outro ficou ferido em um confronto com a polícia na mesma faculdade. A polícia alega ter disparado em legítima defesa, pois os jovens teriam atirado contra eles enquanto viajavam em um carro roubado, onde também foram encontradas drogas. Imagens nas redes sociais mostram os carros em chamas e fumaça saindo das janelas do prédio do governo.
43 ESTUDANTES DESAPARECIDOS
O desaparecimento de 43 estudantes mexicanos em 26 de setembro de 2014 abalou a sociedade mexicana, expondo as entranhas da corrupção no governo e destacando a espiral de violência que já havia deixado milhares de mortos. Quase 10 anos depois, ainda não se sabe o que realmente aconteceu.
A cerca de meia hora de carro da pequena e pacata cidade mexicana de Cocula, um depósito de lixo fétido nas colinas já foi considerado a última morada de 43 estudantes mexicanos que desapareceram quando voltavam juntos de um protesto.
Foi lá, em meio a pilhas de plásticos e detritos do dia a dia, que as autoridades mexicanas alegaram que membros dos Guerreros Unidos mataram e queimaram os jovens, todos alunos da Faculdade de Professores Rurais de Ayotzinapa, após serem sequestrados por policiais corruptos na cidade vizinha de Iguala e entregues aos criminosos.
Em 2016, no entanto, investigadores independentes refutaram a teoria do governo de que os estudantes foram mortos e queimados no lixão — uma das mentiras mais gritantes do caso que revelou a luta do México contra a corrupção profundamente arraigada e a violência desenfreada.
Quase 10 anos depois, os restos mortais de apenas três estudantes foram identificados.
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