Um estudo publicado na revista Nature Climate Change na quinta-feira (5) aponta que um enfraquecimento da Circulação de Revolvimento Meridional do Atlântico (AMOC), conjunto de correntes que transportam água quente e salgada dos trópicos para o norte da Europa e, em seguida, enviam água mais fria de volta ao sul ao longo do fundo do oceano, pode causar uma onda de temperaturas congelantes na Europa e na América do Norte, além de elevar o nível do mar ao longo da costa leste dos Estados Unidos e interromper as monções sazonais que fornecem água para grande parte do mundo.
Niklas Boers, pesquisador do Instituto Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático, na Alemanha, afirmou na pesquisa que “o limite crítico está provavelmente muito mais próximo do que esperávamos”.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU projetou em seu “Relatório Especial sobre o Oceano e a Criosfera em um Clima em Mudança” de 2019, que a Circulação de Revolvimento Meridional do Atlântico “enfraqueceria durante este século, mas o colapso total nos próximos 300 anos só seria provável nos piores cenários de aquecimento”.
“É um daqueles eventos que não deveriam acontecer, e devemos tentar tudo o que pudermos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa o mais rápido possível. Este é um sistema com o qual não queremos mexer”, ressaltou Boers.
“Este é um aumento na compreensão de quão perto de um ponto de inflexão o AMOC já pode estar. A mera possibilidade de que o ponto de inflexão da AMOC esteja próximo deve ser motivação suficiente para tomarmos contra-medidas. As consequências de um colapso provavelmente seriam de longo alcance”, disse ao Washington Post o físico climático Levke Caesar, da Maynooth University, nos EUA.
Cientistas lembram que o mundo está mais de 1 grau Celsius mais quente do que era antes de os humanos começarem a queimar combustíveis fósseis. A onda de calor no verão do hemisfério norte, florestas congeladas da Sibéria, incêndios florestais na Califórnia e Turquia, e inundações massivas em países como China, Alemanha, Bélgica, Uganda e Índia, indicam que o clima da Terra está em um território sem precedentes.
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