O promotor Ricardo Memória, preso pelo homicídio de Durval Cesar Leite de Carvalho, de 72 anos, no dia 18 deste mês, relatou, em sua versão dos fatos, que matou o comerciante, na Cidade dos Funcionários, em razão de um relacionamento que ele teve com sua esposa, em 1977. O depoimento foi dado ontem (26), na Procuradoria Geral de Justiça, no Cambeba, em Fortaleza. Conforme a versão, na época, o promotor e a mulher, haviam terminado o namoro, e ele encontrou Durval na casa dos pais dela. Os dois (Ricardo e esposa) reataram o namoro e, posteriormente, casaram. Durante 45 anos, Ricardo Memória permaneceu “remoendo a situação” e depois de quatro décadas foi tirar satisfação com Durval, na casa dele, na Cidade dos Funcionários.
Conforme o advogado, em 1977, Ricardo namorava há três ou quatro anos, mas traiu a namorada com uma prima. Ela descobriu tudo e terminou o relacionamento. Neste período, a mulher, que tinha entre 17 e 18 anos, conheceu Durval. Ricardo estava namorando com a prima, mas foi até a casa dos pais da ex-namorada e encontrou Durval em um carro Karmann-ghia, um automóvel esportivo na época. A situação causou ciúmes.
Segundo a versão da defesa, Ricardo e a namorada reataram e, posteriormente, casaram. No entanto, a situação nunca foi esquecida. Sempre que o promotor de Justiça via Durval em restaurantes, ele chegava em casa transtornado. Ricardo fez um tratamento psiquiátrico durante 10 anos e relembrava a situação aos médicos. Há dois anos, conforme o advogado Walmir Medeiros, o promotor foi internado após tomar doses excessivas de medicamentos.
Segundo o advogado Walmir Medeiros, 10 dias antes do crime ele teria parado de tomar os remédios indicados. Ricardo viajaria para Guaramiranga e resolveu, antes disso, passar na casa de Durval para tirar satisfações. “Ele foi lá tomar satisfação do passado. Ele foi para saber de algo acontecido há mais de 40 anos. Ele se apesentou e eles tiveram uma discussão. Durval não lembrava quem ele era, ele se apresentou e disse que Durval o chamou de corno véio”, relata.
Para Walmir Medeiros, o promotor de Justiça tem a síndrome de Rebeca, que é uma condição psicológica em que há um alto nível de ciúme de um dos componentes do casal em relação aos parceiros anteriores do seu conjugue. Ela se baseia em ciúmes retrospectivos e é uma situação patológica e obsessiva. “Também chamado de síndrome do amor pretérito, que é ciúme do amor passado da mulher”, descreve o advogado.
Walmir diz que o cliente se arrepende do ocorrido e diz que a esposa dele está “destroçada” com a situação e teve a reputação jogada na lama, que é uma senhora decente e que nunca houve traição, houve algo há mais de 40 anos, no entanto, os dois não estavam juntos. A defesa pretende mostrar os laudos psiquiátricos para provar que Ricardo sofre de um transtorno que o deixa incapaz.
Fonte: O Povo
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