A Rússia afirmou hoje (17) que suspendeu o chamado acordo de grãos do Mar Negro. O tratado permite o transporte marítimo de grãos da Ucrânia durante a guerra entre os dois países. É considerado essencial para o equilíbrio dos preços globais de alimentos. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o país deve voltar ao acordo quando suas demandas forem atendidas. Segundo ele, as exportações russas de grãos e fertilizantes estão prejudicadas pelas sanções ocidentais.
Além disso, não têm chegado alimentos suficientes aos países mais pobres — o que a ONU (Organização das Nações Unidas) nega. Firmado em julho de 2022 em Istambul, na Turquia, o acordo de grãos do Mar Negro aliviou a escassez de produtos ucranianos após os primeiros meses da guerra entre Rússia e Ucrânia, como relatou o jornal O Estado de S. Paulo. O conflito começou em fevereiro daquele ano. A Ucrânia é importante produtora de grãos como trigo e milho.
Dados da ONU mostram que o acordo ajudou a fornecer grãos para 45 países em três continentes: 46% para a Ásia, 40% para a Europa Ocidental, 12% para a África e 1% para a Europa Oriental. Países como Afeganistão, Sudão, Djibouti, Etiópia, Quênia, Somália e Iêmen, castigados pela insegurança alimentar, foram beneficiados com 725 mil toneladas de trigo ucraniano, por meio do Programa Mundial de Alimentos.
A premissa básica do acordo firmado há um ano e renovado três vezes pela Rússia era de que os navios ucranianos que trafegassem por este corredor marítimo não seriam atacados. Nos dois últimos meses, o número de embarques caiu, e a Ucrânia, considerada o celeiro do mundo, acusou a Rússia de atrasar as inspeções. A decisão anunciada pelo Kremlin hoje confirmou o fim da linha para o acordo de grãos no Mar Negro.
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