RTP – A polêmica queda do drone norte-americano, sob suspeita de ter sido abatido por caças russos, continua a gerar disputas entre Washington e Moscou. Depois de negar ter provocado intencionalmente o incidente, a Rússia acusou os Estados Unidos (EUA) de não respeitarem as limitações do seu espaço aéreo. Na tentativa de recuperar os destroços do aparelho, tanto forças russas quanto norte-americanas fazem buscas no local. Na troca de acusações entre o Kremlin e a Casa Branca, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia acusou os EUA de ignorarem as restrições do espaço aéreo que Moscou impôs nas regiões costeiras do Mar Negro, desde o início da guerra com a Ucrânia. “Ignoraram completamente o fato de, após o início da operação especial, os nossos militares terem declarado as áreas relevantes do Mar Negro com status limitado para o uso de qualquer aeronave”, afirmou Serguei Lavrov, em entrevista à televisão estatal russa nessa quarta-feira (15).
As acusações não pararam por aí. O ministro russo culpou ainda os EUA de procurarem constantemente provocações destinadas a aumentar as tensões. “Qualquer incidente que provoque um choque entre as duas grandes potências nucleares representa sempre um grande risco”. No mesmo dia, o ministro da Defesa, Serguei Shoigu, disse também ao ministro norte-americano que o “reforço” das operações de espionagem pelos EUA foi uma das causas do incidente. “As causas do incidente são a não observância pelos Estados Unidos da área de voo restrita, anunciada pela Rússia e estabelecida como resultado da condução da operação militar especial [na Ucrânia], bem como o reforço das atividades de inteligência contra os interesses russos”, afirmou Shoigu, citado em comunicado do Ministério da Defesa.
Nesta quinta-feira, ele conversou com o secretário norte-americano da Lloyd Austin. Afirmou que os “voos de drones norte-americanos estratégicos ao largo da Crimeia são de natureza provocativa” e “criam as condições para uma escalada no Mar Negro”. “A Rússia não quer esses acontecimentos, mas reagirá proporcionalmente a qualquer provocação”, disse a Defesa russa, considerando que “as principais potências nucleares devem agir da forma mais responsável possível, em particular mantendo canais de comunicação abertos para discutir qualquer situação de crise”. Do lado norte-americano, Austin reafirmou que “é importante que as grandes potências sejam modelos de transparência e comunicação, e os Estados Unidos vão continuar a fazer voos e a operar em todas as regiões que sejam permitidas pela lei internacional”.
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