BBC Brasil – Usar uma máscara cirúrgica com uma de tecido por cima pode ampliar a proteção contra o coronavírus? A resposta é sim, segundo estudo divulgado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), órgão de saúde dos Estados Unidos.
O bloqueio de partículas emitidas pode superar 90%, segundo o experimento realizado. Embora esse percentual não possa ser aplicado a todas as situações, o estudo reforça a conclusão, que vem sendo divulgada por diversos cientistas, de que um bom ajuste da máscara ao rosto é fundamental para aumentar sua eficiência geral.
A lógica é que, se a máscara (ou as máscaras) estão bem ajustadas ao rosto, isso impede que o ar entre ou saia pelas laterais sem passar por filtragem.
Os pesquisadores avaliaram diferentes cenários: uma máscara cirúrgica, uma máscara cirúrgica com uma de tecido por cima e uma máscara cirúrgica com nó e ajuste na lateral.
A combinação da máscara cirúrgica com a de tecido por cima promoveu um bloqueio, no cenário do experimento, de 92,5% das partículas emitidas em uma tosse simulada, com partículas emitidas de 0,1 a 7 mícrons. Sozinhas e sem nós, cada uma das máscaras (cirúrgica e de tecido) bloqueou pouco mais de 40%. Neste caso, foi testado o chamado controle da fonte, ou seja, a retenção das partículas emitidas durante a tosse.
Em um segundo experimento, os pesquisadores avaliaram como modificações nas máscaras se comportariam durante um período de respiração, simulando uma fonte e um receptor.
Os cenários com maior proteção foram aqueles em que a fonte e o receptor usavam máscara dupla ou máscara cirúrgica com nós e ajuste na lateral. Nesses casos, a exposição do receptor foi reduzida em cerca de 95%.
É importante dizer que esse percentual de redução de exposição não é a mesma coisa que a capacidade de filtragem medida nas máscaras de padrão N95 ou PFF2. No caso delas, o percentual de 94% a 95% corresponde à parcela de partículas de 0,3 mícron de diâmetro (as mais difíceis de se capturar) que ficam retidas no filtro e protegem quem usa a máscara.
Limitações
Não é possível garantir, no entanto, que esses percentuais sejam iguais para qualquer situação em que uma pessoa use uma máscara de tecido por cima de uma máscara cirúrgica.
Isso porque o estudo tem limitações, segundo reconhecem os próprios autores. O primeiro ponto é que o teste foi feito com modelos específicos de máscara e em situação simulada em laboratório. Por isso, os pesquisadores dizem que “os resultados dessas simulações não devem ser generalizados para a eficácia de todas as máscaras de procedimento médico ou máscaras de pano, nem interpretados como representativos da eficácia dessas máscaras quando usadas em ambientes do mundo real”.
Os pesquisadores também não testaram outros tipos de combinações: duas máscaras de tecido ao mesmo tempo, duas máscaras cirúrgicas ao mesmo tempo ou ainda a máscara cirúrgica por cima da de tecido. Os resultados também podem não ser aplicáveis para crianças (pelo tamanho menor) ou para pessoas com pêlos faciais, como barba, já que eles interferem no ajuste.
Além disso, os pesquisadores destacam que a máscara dupla pode, em alguns casos, impedir a respiração ou obstruir a visão periférica de alguns usuários.
Assim, a principal conclusão do estudo é reforçar a orientação de que um bom ajuste pode aumentar a eficiência geral das máscaras e que uma forma de fazer isso pode ser usando uma máscara de tecido por cima de uma cirúrgica.
O estudo aponta que o uso de máscaras é “altamente eficaz para retardar a propagação do SARS-CoV-2 quando combinado com outras medidas de proteção, como o distanciamento físico, evitando multidões e espaços internos mal ventilados e boa higiene das mãos”.
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