BBC Brasil – “Se um dia os pais precisarem, tudo bem. Mas pegar o neto de manhã e ficar com ele o dia todo até os pais voltarem do trabalho definitivamente não é correto, porque eu tenho a minha vida e agora que me aposentei tenho tempo para fazer outras coisas”, diz a avó Cayetana Campo, 71 anos, na Espanha.
Mas nem todos os avós conseguem estabelecer limites como ela. Movidos pelo sentimento de culpa, muitos acabam imersos num turbilhão de escolas, atividades extracurriculares, refeições, férias e outras atividades, quase sem tempo para mais nada.
“Eles se sentem culpados por não quererem cuidar tanto dos netos”, explica o psicólogo Ángel Rull sobre as pessoas que ele atende.
Sempre houve avós que se recusaram a estar o tempo todo com os netos, mas quando questionados se estariam dispostos a contar isso publicamente, a maioria recusou.
O medo do que as pessoas vão dizer continua a ter um grande peso. Uma coisa é comentar sobre o tema confidencialmente e outra é contar ao mundo.
“É muito difícil para eles dizerem: ‘Bom, eu não cuido dos meus netos’, porque parece que dizer isso é como dizer que não quer contribuir com a família”, afirma José Augusto García Navarro, presidente da Sociedade Espanhola de Geriatria e Gerontologia.
Claro, muitas vezes os avós precisam ajudar devido à escassez de creches públicas, à precariedade laboral, bem como à falta de recursos econômicos de muitas famílias.
Mas é importante, segundo os especialistas, ter em mente que os avós podem estar sofrendo com essa função e que precisam de tempo para eles.
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