Um passageiro em um voo regional entre a capital da Austrália, Camberra, e Sydney escapou por pouco de se ferir depois que um parafuso de uma correia de segurança foi arremessado contra a fuselagem a partir de uma hélice, perfurando um buraco no metal e penetrando na cabine.
Felizmente, o passageiro sofreu apenas hematomas leves, já que somente detritos metálicos o atingiram, pouco depois da decolagem.
O acidente ocorreu em novembro de 2022, mas a gravidade do incidente só veio à tona agora, depois que o Escritório Australiano de Segurança nos Transportes (ATSB) publicou seu relatório final sobre a ocorrência.
Os investigadores do acidente dizem que o acidente poderia ter sido evitado se os pilotos e a equipe no solo tivessem seguido os procedimentos operacionais padrão, enquanto a companhia aérea também foi criticada por não manter adequadamente seu equipamento ou treinar a equipe terceirizada a um padrão suficientemente alto.
O incidente ocorreu em uma aeronave regional turboélice Saab 340B, com capacidade para 34 passageiros, operada pela Link Airways em nome da Virgin Australia.
Como a porta de embarque dos passageiros fica muito próxima da hélice esquerda, uma correia é fixada na hélice para evitar que ela gire enquanto os passageiros passam perto dela. A correia deve ser removida antes da decolagem, mas, pouco antes do voo VA633 em 10 de novembro de 2022, os pilotos e a equipe no solo falharam em remover esta correia.
A aeronave conseguiu decolar normalmente, mas, a correia de segurança foi arremessada da hélice durante a subida inicial e um parafuso metálico, que é usado para prender a correia à aeronave, penetrou na fuselagem, por pouco não atingindo o passageiro.
Os passageiros e a tripulação foram alertados por um forte estrondo, e o chefe da tripulação de cabine chamou rapidamente os pilotos para informar que algo estava errado, embora não tenha explicado o que realmente aconteceu.
Após a grave ocorrência, os investigadores do acidente foram chamados e descobriram que várias medidas de segurança projetadas para evitar esse tipo de incidente foram ignoradas. Por exemplo, uma tarjeta de aviso “remove before flight” (remova antes do voo), que deveria ficar pendurada na correia de segurança, para indicar claramente que ela ainda estava presa, não estava presente.
Além disso, uma segunda correia deveria ser fixada entre a correia de segurança e a porta da aeronave. O propósito geral desta segunda correia, conhecida como extensão da correia, é evitar que passageiros passem pelo local, mas um benefício secundário é que a porta da aeronave não poderia ser fechada sem primeiro remover a correia.
O vídeo a seguir, publicado pelo ATSB, mostra o uso das correias. Apresenta também cenas do momento em que a porta foi fechada com a correia de segurança presa à hélice, a partida do motor e os resultado do incidente, com a correia presa no buraco na fuselagem:
A equipe de solo talvez pudesse ter percebido o problema óbvio se tivesse recebido treinamento adequado, mas a companhia aérea não forneceu informações sobre a aparência, função e importância das correias da hélice à empresa terceirizada de serviços em solo.
Como parte da investigação, os investigadores descobriram que um terço dos voos da Link Airways não tinham a correia de segurança secundária fixada conforme prescrito, sugerindo que isso era uma ocorrência bastante comum.
“Quando há múltiplos controles de risco em vigor e múltiplas partes responsáveis, é fácil ficar complacente com a expectativa de que verificações anteriores tenham sido feitas corretamente e de que verificações futuras em outros lugares do sistema provavelmente detectarão qualquer coisa que tenha sido perdida“, comentou o Comissário-Chefe da ATSB, Angus Mitchell.
“É fundamental que todas as partes envolvidas tenham uma compreensão completa de seus papéis e responsabilidades e de como se encaixam para criar um ambiente operacional seguro e funcional“, continuou Mitchell.
A Link Airways diz que já atualizou seus procedimentos, substituiu tarjetas ausentes e forneceu orientações adicionais ao seu provedor de serviços auxiliares em solo.
Fonte: Aeroin
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