Caso Felipe Souza, de 7 anos, picado por escorpião: entenda por que soro ajuda no tratamento e evita mortes

Um menino de 7 anos morreu no domingo (18) depois de ser picado por um escorpião em uma fazenda, em Professor Jamil. A família informou que Felipe Souza Santos foi pegar um pano para limpar pegadas de barro quando foi picado. Felipe morava em Aparecida de Goiânia, mas foi no sábado (17) passar o final de semana na fazenda em que o primo morava. A família contou que, ao chegar ao local, como os pés dele estavam sujos de barro, acabou deixando algumas pegadas. Ele, então, foi pegar um pano para limpar e não percebeu que o escorpião estava escondido nele. O menino foi picado no dedo da mão. A família levou o garoto para uma unidade de saúde da cidade, que transferiu Felipe para o Hospital de Doenças Tropicais (HDT). O hospital informou que ele recebeu soro contra o veneno do animal, mas que devido ao estado grave em que ele estava, foi levado para UTI, mas não resistiu.

A morte de Felipe Souza Santos despertou um alerta sobre a importância do soro antiescorpiônico e como ele ajuda no tratamento para evitar mortes. Entenda abaixo o que é esse soro, como ele atua no organismo e quando deve ser aplicado. A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que em 2023 foram registrados 5.238 acidentes com escorpiões e apenas uma morte. Em 2024, conforme a SES afirma que houve apenas um registro de morte.

O que é o soro antiescorpiônico

Segundo a médica plantonista do Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Goiás (CIATox-Go), Clarissa Duarte, o soro antiescorpiônico é o próprio anticorpo e é aplicado no paciente para neutralizar o veneno do escorpião. Assim, ele costuma agir imediatamente. No caso do soro antiescorpiônico, é o próprio anticorpo que é aplicado no paciente para neutralizar o veneno do escorpião, é como se fosse a imunidade já pronta”, explica a médica. Conforme Clarissa, cada 1 ml do soro neutraliza 1 mg do veneno. Em casos moderados, são aplicadas três ampolas, cada uma de 5 ml. Em casos graves, são seis ampolas.

Quando tomar o soro antiescorpiônico

De acordo com o doutor em zoologia e especialista em animais venenosos e toxinas animais, Nelson Jorge da Silva Júnior, existe uma confusão sobre quando tomar o soro antiescorpiônico. Geralmente as pessoas acham que foi picado devem tomar, mas quem diz se a aplicação do soro é necessária, é o médico após fazer uma avaliação. Se a pessoa foi picada ela deve limpar o local e ir para o hospital. Lá, ela passa por avaliação que vai dizer se o quadro é leve, moderado ou grave, de acordo com os sintomas. Aí o médico diz se vai aplicar o soro ou não”, explica Nelson Jorge. Em um acidente leve, a médica explica que não é necessário aplicar o soro. São aplicados remédios para a dor e para os sintomas causados pela dor, como vômito e taquicardia. Além disso, o paciente deve ficar em observação. Clarissa afirma que não existe um tempo definido para a aplicação do soro, mas ressalta que o quanto antes ele for aplicado, melhor para o paciente. Se sabe que quanto mais precocemente administrado o soro, menor a gravidade do quadro, menor a chance de o paciente complicar”, afirma Clarissa. Segundo Nelson Jorge, o soro é o mesmo para todos os tipos de escorpião e neutraliza todos os venenos conhecidos.

Ação do veneno

Conforme Nelson Jorge, o escorpião é um animal pequeno por isso a ação do veneno dele ocorre de acordo com o tamanho do corpo da pessoa. Por esse motivo, as crianças e os idosos são mais suscetíveis. O veneno causa um problema neurotóxico, a pessoa entra em um estado que afeta todo o sistema neurológico, de sensibilidade e funcionamento de uma série do órgãos”, afirma o doutor.