Diagnosticada pela primeira vez em 1956, a síndrome da pessoa rígida, no passado chamada de “síndrome do homem rígido”, é um quadro neurológico que acomete o sistema nervoso central e provoca alterações neuromusculares.

“A doença tem um caráter autoimune, ou seja, ela faz com que algumas células do próprio corpo ataquem outras células saudáveis”, disse Gustavo Franklin, neurologista do Hospital Marcelino Champagnat, em entrevista à BBC News Brasil em dezembro de 2022.

“Um anticorpo chamado de anti-GAD é tipicamente relacionado com esse processo de autoimunidade. Ele ataca algumas estruturas nervosas levando aos sintomas característicos.”

Os sinais, segundo o médico, são principalmente a rigidez dos músculos, que pode variar em intensidade e frequência, o que costuma dificultar o diagnóstico correto.

O paciente pode ter espasmos dolorosos nos membros como braços e pernas e também na coluna.

“Ter essa síndrome aumenta a chance da pessoa ter outras doenças autoimunes, como diabetes mellitus”, afirmo Franklin.

Embora a síndrome no passado levasse “homem” em seu nome, o neurologista afirma que ela é mais comum em mulheres com mais de 40 anos.

O diagnóstico que confirma o quadro é feito por meio de um exame neurofisiológico chamado de eletroneuromiografia, pela observação dos sintomas e também pela análise do líquor dos anticorpos GAD.

Não há cura, mas há tratamento

Não há cura, mas segundo o neurologista há tratamentos que, em alguns casos, funcionam tão bem que o paciente é considerado em estado de remissão.

“O tratamento envolve medicamentos imunossupressores e remédios para aliviar os sintomas, como relaxantes musculares.”

A autoimunidade, explica o especialista, pode ser primária (de causa genética) ou secundária, como no caso de cerca de 1% dos pacientes com o quadro.

“Esses casos mais raros são chamados síndrome paraneoplásica, o que indica que a doença autoimune pode ser paralela à presença de um tumor. Não é nada comum, mas toda vez que diagnosticamos a síndrome da pessoa rígida devemos avaliar a possibilidade de ter tumores concomitantes”, acrescentou Franklin.