Chanceler de Taiwan diz que país busca estreitar relações com o Brasil e com toda a América do Sul

As relações de Taiwan com o Brasil se dão por meio de um escritório de representação da ilha no Brasil. A principal função dessa representação é fomentar as relações com o Brasil, sobretudo nas esferas de comércio, economia, investimento e educação.

“Temos a esperança de desenvolver essas relações futuramente. Continuaremos dando o nosso melhor para aprimorar, cada vez mais, nossas relações com países da América Central e do Sul”, disse ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Joseph Wu.

A declaração de Joseph Wu foi feita a um grupo de de 32 profissionais da imprensa de diferentes partes do mundo na chancelaria, em Taipé, capital de Taiwan, entre eles a CEO do Diplomacia Business, Elna Souza. Com base no relato do Diplomacia Business, o RTB News publica a entrevista abaixo do ministro Joseph Wu.

Taiwan é uma ilha e convive com recursos limitados. Por isso, tem se reinventado, investindo sobretudo em tecnologia, que hoje é seu principal sustentáculo econômico. Os taiwaneses são os principais produtores de semicondutores do planeta.

A seguir, veja os principais pontos da entrevista:

Diplomacia Business: Como o Sr. vê a aproximação de Taiwan com países da América do Sul em um futuro próximo?

Ministro Joseph Wu: Primeiramente, toda a América Latina é muito importante para nós no sistema internacional. Temos 14 países aliados. Destes, oito estão localizados na região das Américas. O único aliado da América do Sul, entretanto, é o Paraguai, e com ele temos uma relação diplomática bastante sólida. Nossos principais aliados estão na América Central. Esperamos que a boa relação que temos com nossos aliados possa ser vista por outros países…

Também temos escritórios em países que não tem relação diplomática com Taiwan, como Brasil, Colômbia e Argentina. A principal função dessas representações é fomentar nossas relações políticas com essas nações, sobretudo nas esferas de comércio, economia, investimento e educação. Temos a esperança de desenvolver essas relações futuramente. Continuaremos dando o nosso melhor para aprimorar, cada vez mais, nossas relações com países da América Central e do Sul.

Diplomacia Business: Taiwan é um grande produtor de produtos de tecnologia. Contudo, diante do cenário global, muitos países estão precisando se “reinventar” para continuar competitivos. Como Taiwan quer ser conhecida nas próximas décadas?

Ministro Joseph Wu: Taiwan é destaque no cenário mundial como líder na produção de semicondutores, principal matéria-prima para a fabricação de diversos outros produtos, como os chips que usamos diariamente. Também fabricamos produtos de alta tecnologia para a indústria aeroespacial. Nosso governo é bastante engajado e comprometido em fortalecer a posição de liderança na indústria global de Tecnologia da Informação e Comunicação.

Relações com outros países

Na sequência, o ministro respondeu a perguntas sobre diferentes temas envolvendo as relações exteriores.

Ao ser questionado sobre como é a relação de Taiwan com a Índia, ele explicou: “Muitos indianos vêm para Taiwan para estudar, e esse número aumenta significativamente. Eles vêm para cá para aprender o chinês, mas querem aprender de nossa parte, não da China”. Disse ainda: “A Índia é um país muito interessado na questão tecnológica e semicondutores, o que é um incentivo a mais para o incremento das nossas relações. No Conselho de Segurança discutimos possível cooperação em diversas áreas, temos uma relação que está crescendo”.

Avaliando as relações de Taiwan com a África, o ministro observou: “Cortaram relações com Taiwan por conta da China. Atualmente, só temos um aliado em todo o continente que é Essuatini. Temos representações na Nigéria e África do Sul”.  Acrescentou: “Continuaremos a buscar oportunidades de negócios e cooperação com países africanos. Esperamos que, com o passar do tempo, esses países percebam os benefícios em se relacionar conosco”.

Taiwan mantém relações diplomáticas estáveis com o Vaticano que, em 2022, completaram 80 anos.  Joseph Wu reforçou que “o Vaticano e o Papa pregam democracia e liberdade” e que, “desde antes da nomeação do Papa Francisco, a relação da China com o Vaticano esfriou um pouco, ainda mais depois que os chineses propuseram aprimorar as relações com o Vaticano, caso ele rompa laços conosco”.

Formação

Joseph Wu é mestre em ciência política pela Universidade de Missouri e doutor pela Universidade Estadual de Ohio. Antes de ser chanceler, foi chefe de gabinete da presidente Tsai Ing-wen e também secretário-geral do Conselho de Segurança Nacional.

Fonte: rtbnews.com.br