A fabricante aeronáutica brasileira Embraer registrou um bom resultado financeiro no último trimestre do ano passado, reduzindo significativamente o prejuízo do ano completo. A perda de 2021 ficou em R$ 162,6 milhões (prejuízo líquido ajustado), depois de um prejuízo de R$ 2,37 bilhões em 2020, o pior ano da história da aviação por consequência da pandemia da Covid-19.
Segundo os dados apresentados pela companhia hoje, 9 de março, o 4º trimestre de 2021 (4T21) resultou em lucro líquido ajustado de R$ 327,2 milhões depois de um prejuízo líquido ajustado de R$ 179,7 milhões no trimestre imediatamente anterior (3T21).
O ano de 2021, embora tenha ainda terminado no campo negativo, representa uma melhora até mesmo em relação a 2019, quando ainda nem havia a crise na aviação mundial. Naquele ano, o 4º trimestre da Embraer apresentou um prejuízo de R$ 383,6 milhões, e o ano completo de 2019, prejuízo de R$ 862,7 milhões.
Entre os principais indicadores financeiros do 4T21 e do ano 2021, a Embraer destaca:
• Entregou 55 jatos no quarto trimestre (4T21), dos quais 16 aeronaves comerciais e 39 jatos executivos (26 leves e 13 médios). Em 2021, um total de 141 jatos foram entregues englobando 48 aeronaves comerciais e 93 jatos executivos (62 leves e 31 médios);
• A Receita líquida foi de R$ 7,3 bilhões no trimestre e de R$ 22,7 bilhões (US$ 4,2 bilhões) em 2021, em linha com as estimativas (guidance) da Companhia de US$ 4,0 a US$ 4,5 bilhões no ano;
• As margens EBIT e EBITDA ajustadas de 2021 alcançaram o guidance de 3,0% a 4,0% e 8,5% a 9,5%, respectivamente impulsionado pelo aumento da eficiência operacional, melhores preços, volumes e mix de produtos nos segmentos de Aviação Comercial, Executiva e de Serviços & Suporte;
• Aumento significativo do Fluxo de Caixa Livre (FCL) no 4T21, com geração de caixa de R$ 2,549 bilhões, levando a um FCL anual de R$ 1.677,1 milhões (US$ 292,4 milhões), superando o guidance de US$ 100 milhões ou mais;
• A relação entre a Dívida líquida/EBITDA caiu de 5,7x em 2019 para 3,7x em 2021, devido à forte geração de FCL e a recuperação do EBITDA.
PRINCIPAIS INDICADORES FINANCEIROS
Guidance para 2022 (sem Eve):
– entregas de jatos comerciais de 60 a 70 aeronaves;
– entregas de jatos executivos de 100 a 110 aeronaves;
– receita líquida entre US$ 4,5 a US$ 5,0 bilhões;
– margem EBIT ajustada de 3,5% a 4,5%;
– margem EBITDA ajustada de 8,0% a 9,0%; e
– fluxo de caixa livre com geração de US$ 50 milhões ou mais no ano.
Ao final de 2021, o backlog era composto por: Aviação Comercial – US$ 9,0 bilhões (53%); Aviação Executiva – US$ 2,9 bilhões (17%); Defesa & Segurança – US$ 2,7 bilhões (16%); e Serviços & Suporte – US$ 2,4 bilhões (14%).
Aviação Comercial
A Aviação Comercial da Embraer teve crescimento de receita de 23% no ano, para R$ 7,132 bilhões devido ao aumento nas entregas de E195-E2, bem como pelos preços mais altos.
A família de E-Jets E2 (especialmente o E195-E2) representou 44% das entregas em 2021, em comparação aos 25% do total de entregas em 2020.
No 4T21, a Embraer entregou 16 jatos comerciais, encerrando 2021 com 48 entregas, quatro a mais do que no ano anterior. O destaque mais uma vez ficou com o modelo E175, conforme abaixo:
Na Aviação Comercial, a Azorra assinou contrato com a Embraer para adquirir 20 novas aeronaves da família E2, além de mais 30 direitos de compra flexível para aeronaves E190-E2 ou E195-E2. O pedido, avaliado em US$ 3,9 bilhões, foi assinado em dezembro de 2021 e deve começar a ser entregue no início de 2023.
Durante o Dubai Air Show em novembro, a Embraer anunciou um pedido firme de três novos jatos E175 para a Overland Airways, da Nigéria, com direitos de compra para outras três aeronaves do mesmo modelo, a serem entregues a partir de 2023. O valor do contrato é de US$ 300 milhões, a preço de lista com todas os direitos de compra sendo exercidos.
Ao final do 4T21, a carteira de pedidos (backlog) e as entregas da Aviação Comercial eram as seguintes:
O segmento de Aviação Executiva da Embraer alcançou receita de R$ 6,125 bilhões em 2021, crescimento de 9% no ano, impulsionada pelo aumento das entregas e preços mais altos.
As entregas da Aviação Executiva foram de 26 jatos leves e 13 jatos médios, totalizando 39 aeronaves no 4T21 e 93 jatos em 2021, crescimento de 8% em relação ao ano anterior.
Os jatos da série Phenom 300 foram os modelos da categoria mais vendidos do mundo pelo décimo ano consecutivo e o bimotor executivo a jato mais entregue de 2021.
A Embraer e a NetJets, Inc. assinaram um acordo para até 100 Phenom 300E, totalizando mais de US$ 1,2 bilhão, com a primeira entrega prevista para o segundo trimestre de 2023, demonstrando a capacidade contínua da Embraer de oferecer a melhor experiência de aviação aos seus clientes.
A Embraer entregou um novo Phenom 300E em Quito, no Equador, e um novo Praetor 500 no Canadá para a AirSprint, ambos marcando a primeira entrega de cada tipo de aeronave nesses países.
Defesa & Segurança
O segmento de Defesa & Segurança reportou uma queda de receita de 8% para R$ 3,176 bilhões, tendo sido impactada principalmente pela negociação junto à Força Aérea Brasileira (FAB) em relação ao contrato do KC-390, no qual o número de aeronaves a serem entregues foi reduzido de 28 para 22 unidades, com entregas previstas até 2034.
O resultado da negociação gerou uma redução de US$ 526 milhões no backlog e uma redução de US$ 43 milhões na receita líquida em 2021, sem nenhum efeito imediato no caixa.
Durante 2021, a Força Aérea Brasileira (FAB) contou com quatro aeronaves de transporte multimissão C-390 Millennium em operações de transporte logístico, movimentando toneladas de suprimentos para o combate à pandemia no Brasil e equipamentos pesados destinados a obras de infraestrutura na região norte de Brasil.
A Tempest bateu recordes de receita, registrando crescimento de 40% em relação a 2020. Esse crescimento foi sustentado por um sólido portfólio de produtos e serviços de segurança cibernética, expandindo sua base para mais de 300 clientes ao longo do ano.
Serviços & Suporte
Em Serviços & Suporte, a Embraer apresentou sólida recuperação, com receita reportada de R$ 6,104 bilhões, representando crescimento anual de 29%. Tal recuperação deve se estender à medida que as operações das companhias aéreas continuem a se recuperar do pico da pandemia em 2020.
A Embraer assinou vários contratos durante o último trimestre. No MRO Europe, um importante evento de manutenção aeronáutica, a Embraer anunciou acordos do Programa Pool com a KLM Cityhopper, subsidiária regional da KLM Royal Dutch Airlines, com a Air Montenegro, além da renovação do programa com a TAP Express, subsidiária da TAP Air Portugal.
Atualmente, o Programa Pool da Embraer apoia mais de 50 companhias aéreas em todo o mundo.
Foram intensificados os esforços para direcionar a Companhia para uma aviação de baixa emissão de carbono e para uma sociedade mais justa, inclusiva e diversificada, principalmente nas comunidades onde atua.
Os principais compromissos ESG foram definidos nos seguintes pilares:
Ambiental
• Neutralidade em carbono nas operações até 2040 – Escopo 1 + 2;
• Crescimento neutro em carbono a partir de 2022 (2021 baseline) – Escopo 1+2;
• Energia 100% proveniente de fontes renováveis até 2030;
• Produtos para uma aviação zero carbono até 2050 – Escopo 3;
• Lançamento de aeronaves eVTOL com emissão zero até 2026.
Social
• Treinamento contínuo em Diversidade & Inclusão para 100% dos funcionários até 2022;
• 50% de diversidade nas contratações em todos os novos programas de entrada na companhia até 2025;
• 25% de mulheres no Programa de Mestrado em Engenharia Aeronáutica até 2025;
• 20% de mulheres em posições de liderança sênior até 2025;
• Manter a aprovação superior a 80% dos estudantes dos Colégios Embraer em universidades públicas;
• Lançamento do Programa ‘Social Tech’, com foco na qualificação em tecnologia de 1.500 pessoas de grupos minorizados, até 2025.
Governança
• Programa robusto de Ética e Compliance, totalmente alinhado com as normas globais;
• Manter os mais altos padrões internacionais de governança;
• Manter o alto padrão de segurança de nossos produtos e total alinhamento com as exigências internacionais.
Com informações da Embraer
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