Crise entre Vaticano e Nicarágua se acentua após bispo Álvarez ser condenado a 26 anos de prisão por traição

Em mais um episódio de perseguição do presidente ditador Daniel Ortega, mais um religioso foi preso, agora o bispo nicaraguense de Matagalpa, dom Rolando José Álvarez Lagos, que foi condenado a 26 anos de prisão, no dia seguinte à sua recusa em embarcar num avião junto com 222 outras pessoas, padres, seminaristas, opositores políticos ou simples críticos do regime.

A sentença foi lida por um juiz da Corte de apelação e definiu dom Álvarez como “um traidor da pátria”, condenando-o a permanecer na prisão até 2049. O bispo de Matagalpa é acusado de “conspiração para minar a integridade nacional e propagação de falsas notícias através das tecnologias da informação e da comunicação em detrimento do Estado e da sociedade nicaraguense”.

Outros cinco padres, um diácono e dois seminaristas foram acusados de “conspiração” e condenados a dez anos de prisão, entretanto fugiram para os Estados Unidos, eles devem receber uma autorização de residência por um período inicial de dois anos por perseguição política. Os religiosos também foram declarados “traidores da pátria” e tiveram seus “direitos de cidadania suspensos por toda a vida” e foram privados de sua cidadania nicaraguense.

O Papa Francisco expressou sobre sua preocupação com a prisão do bispo Álvarez “as notícias da Nicarágua me entristeceram e não posso não me lembrar com preocupação do bispo de Matagalpa, o monsenhor Rolando Álvarez, que tanto amo e que foi sentenciado a 26 anos de prisão, e também pelas pessoas que foram levadas aos Estados Unidos”, disse o papa.

O episódio marca mais um capítulo na crise que o Vaticano e a Nicarágua passam por conta da perseguição de diversos religiosos que se opõe a ditadura de Ortega.