Análises plurais, multifacetadas, de Daniel Aarão Reis Filho, David Maciel, Fernando Casadei Salles, Paulo Henrique Costa Mattos e Frederico Vitor de Oliveira e Sérgio Borges Lucas
Renato Dias
Após dez anos civil, a Síria é um depósito de escombros. Em 2021. Longe da Primavera Árabe. A observação é do professor – doutor titular do Departamento de História Contemporânea, da Universidade Federal Fluminense [RJ], Daniel Aarão Reis Filho. Médico. Especializado na França, Bashar Al-Assad nunca hesitou em massacrar, sem piedade, habitantes inocentes de seu país, denuncia. Não se trata de um progressista, insiste o escritor. É um algoz, define – o.
O pesquisador da história do Tempo Presente, David Maciel, doutor da Faculdade de História, da Universidade Federal de Goiás [UFG], informa, com exclusividade, que a guerra da Síria é uma invenção dos EUA. Com os seus aliados, avalia. Sob a Primavera Árabe, explica. Para derrubar um aliado do Irã, da Rússia e da China, observa. A desestabilização da Síria promoveu a expansão sunita do Estado Islâmico, atira. O regime de Bashar Al Assad é autocrático, crê.
Estatísticas apontam 300 mil mortos e 400 mil feridos e refugiados sob a Guerra da Síria. A análise é do historiador e jornalista, especialista em Geopolítica, Frederico Vitor de Oliveira. A Rússia, com o suporte do Irã e do Hezbollah, com a sua intervenção, impediu o avanço do ISIS. EUA, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Turquia e até Israel querem a queda Bashar Al- Assad. Bashar Al-Assad não é progressista, ele ponta. Trata – se de um autocrata, vocifera.
Desastre. Da humanidade. Uma ditadura civil e militar. Sob a Primavera Árabe. Cinquenta anos do poder do clã _ Assad. Rússia e EUA aparecem no tabuleiro do xadrez internacional. Geopolítico. A saída é a democracia e o diálogo. É o que afirma o professor graduado e mestre em História, do Estado do Tocantins, com curso em Cuba, Paulo Henrique Costa Mattos. Um marxista renovado. Os homens nada aprendem com a História, desabafa o estudioso do tema.
É difícil analisar o cenário da Síria, sem apreender a História, a cultura, as referências do Islã e da região do Oriente Médio e da África, sublinha Sérgio Borges Lucas. Um advogado, com especialização em Planejamento Estratégico, na ESG. O ditador e o progressista estão presentes no mesmo homem, Bashar Al-Assad, projeta o Operador do Direito. As informações que consumimos são ‘editorializadas’ no ocidente, metralha o pensador de matriz liberal.
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Frederico Vitor de Oliveira
Sérgio Borges Lucas
Paulo Henrique Costa Mattos
Especial 50 anos. Depois do golpe de Hafez Al Assad
Fernando Casadei Salles
De São Paulo
Especial para www.renatodias.online
Bashar Al-Assad tinha cinco anos quando seu pai o General Hafez al-Assad liderou o golpe militar de 1970, considerado uma pá de cal no Partido Baath e em especial no seu setor majoritário à esquerda. Trinta anos após esse acontecimento Bashar Al-Assad recebe o poder de governo do seu pai o velho General Hafez al-Assad. Durante todo o período ocorrido o General nunca evitou em usar ilimitadamente o poder. Coisa que do ponto de vista da manutenção do poder fez com êxito. O preço pago pela sociedade Síria foi extremamente alto. Não ficou barato para a sociedade Síria a subversão radical provocada pelo poder do General, pai do Bashar al-Assad. Só muito poder centralizado ousaria levar a subversão do social ao nível atingido ao longo de todo o período em questão.
A ponto de provocar grande desequilíbrio interno na estrutura social da sociedade síria. Quando o General tomou o poder através do golpe militar ele trouxe consigo para o poder parte desproporcional de pessoas provenientes da sua tribo, os alauítas, cuja representatividade na população mal atingia o índice de 12%. Os descontentamentos provocados por essa política social só pode ter acontecido devido ao terror infundido a população pelo forte aparato policial repressivo colocado a disposição do Estado. No âmbito do espectro político a subversão do General consistiu em uma meta ainda mais ambiciosa como foi a ação de aniquilamento da esquerda socialista da Síria. Sem a esquerda, à direita política do general “sobrou” no poder. É a partir, portanto, de um patrimônio de direita que Bashar al-Assad aparece como o escolhido para continuar a história da dinastia al-Assad. Ele recebe um país internamente afundado na mágoa e nos ressentimentos de diferentes tribos, com mais representatividade tanto numérica quanto históricas na história da Síria, preteridos pela revolução do General. Na frente externa apesar do potencial de desavença permanente Síria\Israel não havia grandes contingenciamentos, nem ameaças diretas impedindo o desenvolvimento do poder político Sírio. Só a partir da guerra do Iraque, que praticamente marca o inicio da ofensiva de guerra imperialista americana-israelita na região, é que a Síria vira alvo preferencial para a guerra. Os ataques são de fortes proporções militares. Por pouco o país não sucumbiu aos intermitentes e potentes ataques militares. A resistência se deu de maneira heroica, mas a custos inestimáveis. Segundo relatório do Observatório Sírio para os Direitos Humanos com base no Reino Unido quase 400.000 pessoas já teriam morrido até o fim do ano de 2020, milhões de habitantes se deslocaram de suas casas, a maior parte da infraestrutura do país foi praticamente destruída. A situação só não degringolou de vez devido ao decisivo apoio do Irã e da aviação Russa. O Irã foi aliado desde o primeiro momento da guerra, enquanto a Rússia só entrou no conflito através da presença de sua força aérea em 2015, quase quatro anos depois de iniciada a guerra. Não obstante o início do apoio dado por esses países o fato é que a medida que aconteceram eles contribuíram decisivamente para a mudanças do rumo da guerra a favor da Síria. O fato é que a Síria termina o ano 2020 em uma posição favorável na frente da guerra de destruição provocada pelas diferentes alianças entre seus inimigos tanto da frente interna, como, sobretudo, da frente externa. Se da perspectiva militar a situação apesar de estar longe de ser decidida ela, no entanto, não se encontra no nível periclitante que se encontrava antes do apoio da Rússia. Nesse sentido é que talvez se possa afirmar que a crise que mais ameaça a integridade política do Estado Sírio atualmente é a da frente interna de onde se destacam dois níveis de problema diferentes mas que, ao mesmo tempo, são bastante convergentes. O primeiro é dado pela economia que não apresenta praticamente quase nenhum sinal de recuperação. E o segundo, pela destruição bastante acentuada da infraestrutura do pais. Economia estagnada, sem ignição para ser religada, por um lado e por outro, a infraestrutura bastante prejudicada a ponto de se constituir mais como obstáculo do que meio de facilitação do processo econômico. Achar nessa mistura de guerra e destruição o espaço da liberdade ou o do progresso é como querer que coisas que se excluem por natureza desconheçam suas próprias naturezas. Ou seja, toda questão se resume a saber antes de mais nada o que é que queremos da Síria: o tonel cheio ou todos bêbados.
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