É inadmissível que porta-voz do governo da Ucrânia pregue assassinato de jornalistas, diz sindicato

Porta-voz transgênero das Forças Armadas da Ucrânia, Sarah Ashton-Cirillo, sustentou as ameaças que fez contra jornalistas russos em um vídeo que circulou na quinta-feira (14). Presidente do Sindicato de Jornalistas de São Paulo (Sinaj) diz à Sputnik Brasil que falas merecem “repúdio veemente” de todos os jornalistas do Brasil e do mundo.
Em vez de uma retratação, o reforço de uma ameaça: a representante oficial do governo ucraniano manteve suas falas sobre “caçar jornalistas” no exercício de sua profissão em um novo vídeo divulgado nesta sexta-feira (15).
As sucessivas declarações foram dadas após tentativas frustradas do regime de Kiev de assassinar o famoso jornalista russo Vladimir Solovyov, diretor do Sindicato de Jornalistas da Rússia, e a editora-chefe da Sputnik, Margarita Simonyan.
Em entrevista à Sputnik Brasil após assistir o vídeo, Thiago Tanji, presidente do Sinaj e diretor da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), criticou duramente o teor das falas da autoridade ucraniana.

“Isso merece o nosso repúdio veemente, não só das entidades sindicais, jornalísticas, mas de toda a categoria, no Brasil e no mundo. Afinal de contas, os jornalistas e as jornalistas não são soldados, não são combatentes, são trabalhadores que fazem o seu trabalho ao permitir a livre circulação de informações. Então, se você está fazendo a cobertura de um conflito, se você está fazendo a cobertura de um evento qualquer, você tem que ter segurança pra realizar isso”, avalia. “Quando um Estado realiza uma ameaça desse tipo, é algo que precisa ser condenado de maneira veemente.”

Tanji enfatiza que deseja o fim do conflito entre Rússia e Ucrânia — posição que, de acordo com a sua avaliação, encontra ecos em toda a sociedade do Brasil.
O presidente do sindicato também notou que é preciso encampar os jornalistas, sejam eles russos ou ucranianos, por uma questão de defesa universal de toda a categoria.

“Essa manifestação pregando o assassinato de jornalistas, que foi feita por uma pessoa não só militar, mas uma representante oficial do governo ucraniano, é inadmissível. Jornalistas têm que ser protegidos”, aponta.

Embora pondere que profissionais da imprensa, em qualquer parte do mundo, têm que realizar seu trabalho sem medo de censura e de represálias, “e, neste caso, especificamente, sem medo de ser assassinado”, ele aponta que, no Brasil, há problemas semelhantes.