*Por Luciano Martins
Os ventos das eleições municipais já prenunciam que o período se avizinha e, com eles, além da agitação de costume, o papel crucial na definição do futuro das cidades, protagonizando diretamente a abordagem de questões urbanas complexas, agendas e desafios que permeiam a sociedade dos mais de 5 mil municípios brasileiros. Para ser mais exato, 5.570.
Um dos principais desafios enfrentados durante as eleições municipais é a identificação clara das intenções daqueles que almejam ocupar a cadeira de Chefe do Executivo, como um planejamento estratégico coerente e de longo prazo, por exemplo. Com frequência, os candidatos se concentram em soluções imediatas no afã de atrair eleitores, negligenciando a importância de políticas sustentáveis que promovam o desenvolvimento urbano a longo prazo.
Além disso, outra variante a se considerar nesse contexto é a capacidade de conseguir-se instigar o engajamento popular, que desempenha um papel fundamental na eficácia das eleições municipais e no debate a respeito da governança pública. Quando os cidadãos estão ativamente envolvidos no processo político, é mais provável que os temas e anseios da população não fiquem apenas no imaginário dos ventríloquos que surgem de tempos em tempos, muitos deles de ideias ocas. Portanto, a comunidade ativa tem força suficiente para lançar luz às políticas que atendam as suas necessidades locais.
Inúmeros são os desafios urbanos, os quais vão das políticas públicas primárias às terciárias e, não raro, após o pleito, a sensação de que não houve avanços persiste. Isto ocorre porque as administrações municipais são confrontadas com a armadilha do “voo da galinha” – a tendência de buscar soluções de curto prazo que proporcionem aparentes ganhos imediatos, mas que não abordam os problemas fundamentais em longo prazo.
Para evitar essa armadilha, é essencial que haja a interação entre o que propõem os candidatos e o que demanda a população. Para isso, o plano de governo é o instrumento que vai apresentar a proposta que mais se alinha com os interesses locais, e o seu principal vetor é o planejamento estratégico. Esta simbiose candidato/população deve ser de fluxo contínuo e com abordagem capaz de traduzir se os planos de gestão possuem exequibilidade.
A mais importante das eleições é a eleição municipal, não há dúvidas; quando os municípios estão fortalecidos, o País não claudica. O grande municipalista André Franco Montouro deixou claro, quando cunhou a célebre frase: “ninguém mora na União nem no Estado. As pessoas moram no município”.
Em resumo, as eleições municipais representam a oportunidade de enfrentar os desafios urbanos com vistas a tornar intensos os debates, e palpáveis as aspirações de um povo. Daí a necessidade do engajamento popular: é isso que tira das adjacências as expectações por dias mais inclusivos e com mais oportunidades e recomenda o alerta para não ser apanhando em ardis como o do “voo da galinha”.
*Luciano Martins é Advogado, Professor, Vice Presidente da União Brasileira de Apoio aos Municípios – UBAM, no Estado de Mato Grosso do Sul. Atuou como Diretor-Presidente da Fundação Social do Trabalho no Município de Campo Grande-MS.
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