Execução por gás nitrogênio: Preso agoniza por 22 minutos antes de morrer nos EUA

O detento condenado à pena de morte que havia sobrevivido à primeira tentativa de execução foi morto por inalação direta de nitrogênio ontem (25). Kenneth Smith estava preso no Alabama, nos EUA, acusado de matar uma mulher a mando do marido dela em 1988. O Estado afirmou que o processo seria o “mais indolor conhecido”, mas de acordo com o reverendo Jeff Hood, líder espiritual do preso, o presidiário agonizou por 22 minutos no que ele classificou como um “show de horror”.

A inalação por nitrogênio ocorre da seguinte forma, o detento é prendido em uma maca, e forçado a respirar o gás em seu estado puro, o asfixiando e privando do oxigênio. “O método de execução mais indolor e humano conhecido pelo homem”, afirmaram as autoridades americanas. A forma de pena de morte foi aplicada pela primeira vez no Alabama, e é considerada como tortura pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Kenneth Smith foi declarado morto às 23h25 no horário de Brasília, cerca de 29 minutos após o início da sessão. “A justiça foi feita”, afirmou o procurador-geral do Alabama, Steve Marshall, ao declarar que o estado fez algo histórico. O presidiário havia “escapado” da primeira tentativa de execução em novembro de 2022, após policiais não conseguirem encontrar uma veia boa o suficiente para aplicar uma dose de injeção letal.

A previsão das autoridades era de que Kenneth Smith perderia a consciência em menos de um minuto e morreria logo em seguida, entretanto, muitas testemunhas relataram que o homem sofreu por muito mais tempo. O reverendo Jeff Hood, conselheiro religioso do detento, afirmou que o homem permaneceu “lutando pela própria vida” durante 22 minutos. “Não vimos alguém ficar inconsciente em 30 segundos”, afirmou.

Um dos filhos da vítima, Elizabeth Sennett, disse que a morte de Smith trouxe justiça para sua mãe.

“Não aconteceu nada aqui hoje que possa trazer a mamãe de volta. Nada”, disse Mike Sennett em entrevista coletiva. “Estamos felizes por este dia ter acabado. Todas as três pessoas envolvidas neste caso anos atrás, nós as perdoamos.”

“Kenneth Smith tomou algumas decisões erradas há 35 anos e sua dívida foi paga esta noite”, disse ele.

Apenas 3 estados aprovaram nitrogênio para execuções

A Suprema Corte dos EUA se recusou pela primeira vez a intervir no caso de Smith, depois que seus advogados tentaram argumentar que uma segunda tentativa de execução violaria a proteção da Constituição dos EUA contra punições cruéis e incomuns.

Uma decisão separada de um tribunal federal de apelações também se recusou a suspender a execução na quarta-feira (24). A equipe de Smith apelou novamente na manhã de ontem para a Suprema Corte.

Só em 2022, o estado realizou ou tentou três execuções consecutivas sobre as quais os críticos consideraram “falhas críticas”, o que significa que se desviaram do protocolo declarado.

Em dois dos casos, os reclusos – incluindo Smith – sobreviveram, pois as autoridades cancelaram as execuções porque não conseguiram estabelecer um acesso intravenoso usado para administrar as drogas letais antes das sentenças de morte expirarem.

O Alabama usou ontem a hipóxia com nitrogênio, um método adotado em 2018. Trata-se de um dos três estados, junto com Oklahoma e Mississippi, que aprovou o uso de nitrogênio para execuções, embora nenhum outro estado o tenha usado, e apenas o Alabama tenha um protocolo.