Antes de uma laranja chegar ao mercado ou se transformar no suco de sua mesa de café da manhã, ela passa por intenso desafio agrícola, longe do conhecimento do consumidor final.
O Greening, doença grave que afeta frutas cítricas, ameaça destruir plantações inteiras. Esse problema não é exclusivo do Brasil, afetando a produção de cítricos em 129 países.
A citricultura, um dos pilares da agricultura no estado de São Paulo e em partes de Minas Gerais, enfrenta um desafio sem precedentes. A causa é o Greening, uma doença sem cura conhecida que vem prejudicando drasticamente a produtividade e levando ao declínio acelerado das árvores.
Essa doença, transmitida pela bactéria Candidatus liberibacter asiaticus através de um inseto chamado Diaphorina citri, tem como alvo todas as variedades de cítricos, incluindo laranjas, tangerinas, limões e limas.
Uma vez infectada, a árvore se torna um vetor de disseminação da doença, colocando em risco a continuidade dos pomares. O impacto do Greening já foi sentido ao redor do mundo, incluindo a Ásia, África do Sul, América do Sul, Central e Flórida, nos EUA. O exemplo da Flórida é particularmente notável, onde, após a detecção da doença em 2005, houve uma queda dramática na produção de laranjas.
No Brasil, o cenário é igualmente grave. O Cinturão Citrícola de São Paulo e as regiões do Triângulo e Sudoeste Mineiro, áreas vitais para a produção de suco de laranja, enfrentam um índice de incidência alarmante da doença.
Segundo dados do Fundecitrus, a incidência do Greening, em 2023, atingiu o maior índice desde sua identificação no país, em 2004.
Os números variam regionalmente. Em Limeira, por exemplo, a incidência é de 73,87%. Em áreas com mais de 40% de infecção, o risco de não se alcançar a maturidade produtiva das plantas é imenso, comprometendo a renovação dos pomares.
A situação traz em risco não apenas a produção de citros, mas também impactos econômicos e ambientais significativos. O setor, vital para a economia de São Paulo e Minas Gerais, movimenta anualmente US$ 15 bilhões, contribui com US$ 2 bilhões para o PIB, gera 200 mil empregos e desempenha um papel crucial na preservação ambiental e no sequestro de carbono.
A luta contra o Greening exige uma ação coordenada que envolve pesquisa para encontrar soluções de longo prazo, adoção de práticas de manejo comprovadas, ações de conscientização por parte da sociedade e apoio governamental. O esforço conjunto é essencial para minimizar os impactos dessa doença devastadora.
A indústria brasileira de suco de laranja, que representa uma parcela significativa do consumo mundial, pode enfrentar uma redução substancial na produção devido ao Greening. Estima-se que, em um cenário de infestação grave, a produção possa cair cerca de 25% em uma década, mesmo sob condições climáticas favoráveis.
Especialistas do setor apontam para a necessidade urgente de combater o inseto vetor e adotar medidas eficazes para controlar a disseminação da doença. A adoção de tecnologias para mitigar os impactos do Greening, como reforços nutricionais para a planta, é vista como uma solução parcial, mas que acarreta custos adicionais.
A citricultura enfrenta um momento crítico, e ações efetivas são necessárias para garantir a sustentabilidade do setor e a continuidade da produção de um dos sucos mais consumidos no mundo.
Fonte: Jornal Ciência
Relacionadas
DENZEL WASHINGTON É BATIZADO E ORDENADO PASTOR NA IGREJA NOS EUA
Irã está no escuro após ataque de Israel
Queda de ponte entre Maranhão e Tocantins deixa 2 mortos e 6 desaparecidos