Reuters – A camada de gelo da Groenlândia perdeu 5.091 quilômetros quadrados (km²) de área entre 1985 e 2022, segundo estudo publicado na revista Nature nesta quarta-feira (17). É a primeira estimativa completa da perda de área da calota de gelo nessa escala. O encolhimento reflete as 1.034 gigatoneladas de gelo que foram perdidas à medida que as geleiras derreteram por meio de um fenômeno em que pedaços de gelo se desprendem das extremidades de uma geleira.
O estudo é o primeiro a estimar por completo a quantidade de gelo perdida pela Groenlândia especificamente por conta do recuo glacial. Sugere, ainda, que estimativas anteriores de mudanças no saldo de massa da camada de gelo da Groenlândia – que leva em conta a quantidade de neve e gelo acumulados a cada ano e a quantidade perdida – subestimaram essas perdas em até 20% porque negligenciaram o recuo glacial. Os 5.091 km² perdidos representam uma área aproximadamente do tamanho da nação insular de Trinidad e Tobago.
O estudo utilizou mais de 200 mil dados de satélite e inteligência artificial (IA) das posições das geleiras para analisar as mudanças ao longo do tempo. “Na Groenlândia, temos essas áreas ao redor das bordas onde tudo está simplesmente recuando e desmoronando”, disse o coautor do estudo Alex Gardner, cientista do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa. “Os métodos anteriores não eram muito bons para medir essa mudança na camada de gelo. Mas a mudança é enorme.” A calota de gelo da Groenlândia é uma das duas camadas remanescentes no mundo. Composta por centenas de geleiras, ela cobre cerca de 80% da Groenlândia. Se totalmente derretido, o manto de gelo da Groenlândia elevaria o nível do mar global em cerca de 7,4 metros.
Com a mudança climática aquecendo o Ártico quatro vezes mais rapidamente do que o resto do mundo, cientistas dizem que é inevitável que o derretimento da camada de gelo da Groenlândia eleve o nível do mar em pelo menos 27 centímetros, considerando o aquecimento já ocorrido. A nova estimativa de perda de gelo devido ao recuo glacial teria pouco impacto sobre o nível global do mar, segundo os cientistas, mas um grande impacto sobre a circulação oceânica. Essa quantidade de água doce adicionada ao oceano salgado poderia fortalecer as correntes costeiras ao redor da Groenlândia e ajudar a enfraquecer a Circulação Meridional de Revolvimento do Atlântico, que move a água do Norte para o Sul e leva calor para a Europa.
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