O Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) alerta a população para os cuidados com queimaduras nas festas juninas. Isto porque, durante o mês de junho, é comum a produção de comidas quentes, como caldos, canjicas, quentões e a presença de fogueiras e fogos de artifício nas programações temáticas.
De acordo com o cirurgião plástico, Fabiano Calixto, médico especialista na área de queimaduras no Hugol, alguns cuidados são necessários para evitar queimaduras e aproveitar as festas juninas com segurança.
Riscos
“É muito comum nas festas tradicionais as brincadeiras de pular a fogueira. Isso é um risco, já que pode levar a queimaduras graves, principalmente na região dos membros inferiores. Também não se deve usar álcool líquido e gasolina para acender fogueiras”, afirma.
Outra preocupação nessa época são com os fogos de artifício, pois podem causar explosões e até mesmo atingir pessoas ao redor. O médico alerta para o uso responsável desses artefatos, que devem ser manuseados apenas por pessoas autorizadas.
“Além disso, é recomendável tomar cuidado com a soltura de balões, que podem provocar também incêndios”, explica.
Queimaduras
Em caso de queimaduras, a orientação é colocar água corrente fria sobre a parte do corpo atingida até a chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ou do Corpo de Bombeiros Militar.
“Vale lembrar que não se deve aplicar produtos como manteiga, pasta de dente, babosa, borra de café, entre outros, pois podem causar infecções graves no local machucado”, reforça o especialista.
Hugol em números
Só nos cinco primeiros meses de 2024, o Hugol já atendeu 588 pacientes vítimas de queimaduras, sendo 440 adultos e 148 crianças. No mesmo período do ano passado foram atendidos 451 pacientes vítimas de queimaduras. Ou seja, houve um aumento de 30% nos casos atendidos pela unidade. O Hugol é referência no atendimento a pacientes com queimaduras.
A unidade possui uma ala especializada para esses casos, já que, no geral, são pacientes de longa permanência. Após a avaliação de cada caso, podem ser necessários procedimentos cirúrgicos, como debridamentos, colocação de enxertos de pele e até rotação de retalhos. Dependendo da gravidade e da necessidade, o tratamento pode durar meses até a recuperação completa do paciente.
Recuperação complexa
Fabiano Calixto reforça a necessidade de uma equipe multidisciplinar no tratamento de pacientes queimados, afinal a queimadura afeta não apenas o corpo do paciente, mas também o bem-estar mental e emocional.
“O tratamento de queimaduras é um tratamento muito complexo. Além da estrutura e do ambiente hospitalar especializado, é necessário um tratamento que envolve várias áreas da saúde, como enfermagem, fisioterapia, psicologia, serviço social, fonoaudiologia, médicos intensivistas e cirurgiões. Todos trabalhando em comum para que o paciente possa se recuperar da melhor forma possível”, explica.
A recuperação pode envolver a superação de traumas emocionais, mudanças na autoimagem e na qualidade de vida, e a necessidade de suporte psicológico contínuo.
“Temos todo um envolvimento com o paciente, para trazê-lo de volta à sociedade, para que possa se restaurar, compreender o que aconteceu com ele e fazer com que se sinta reinserido novamente”, disse.
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