Infectologista Francisco Cardoso Alves desmoraliza agência “checadora” que pretendeu validar estudo fraudado da Cloroquina em Manaus

Foram usadas superdosagens de cloroquina no estudo de Manaus provocando a morte de 22 pessoas

Em depoimento à CPI da Covid do Senado nesta sexta-feira (18), o médico especialista em infectologia do Instituto Emílio Ribas, Francisco Cardoso Alves, falou contra agências de checagem analisarem matérias científicas.

Após falar sobre o estudo feito em Manaus que utilizou superdosagem de cloroquina em pacientes graves, culminando na morte de 22 pessoas, o médico foi questionado pela senadora Soraya Thronicke sobre uma checagem feita pela Revista Exame. A suposta verificação de fatos apontou ser falso que o estudo usou dose letal de cloroquina.

O médico rebateu a afirmação e disse que a agência Comprova (responsável pela checagem) é incompetente em analisar matéria médica.

“A única coisa que essa agência comprova é que eles são incompetentes em analisar matéria médica. Doze gramas de cloroquina em dez dias é dose tóxica para qualquer paciente em qualquer lugar do planeta. Isso está na bula”, afirmou.

O médico explicou durante a sessão que  o estudo de Manaus deu o dobro da dose do estudo chinês para pacientes graves, sendo que a bula da cloroquina alerta que deve-se evitar a administração de mais de 1.500 mg por três dias seguidos.

“Todas as informações que eu dei sobre o estudo de Manaus estão no próprio artigo, cuja conclusão foi exatamente essa: Dose alta de cloroquina está associada à mortalidade e à arritmia grave”, salientou o especialista.

“O que estou vendo aqui é que a fonte para a agência checadora Comprova dizer que [a afirmação] era falsa foi o próprio pesquisador. Eles queriam o quê, que ele se incriminasse? Que ele falasse em rede nacional que errou? Não dá para levar a sério agência checadora quando se fala em análise de artigo científico. Agência checadora é para você checar se aquela foto é aquela mesma, se o político estava ali de fato, se aquele texto foi escrito pelo fulano ou sicrano. Para discutir artigo científico essas agências de checagem servem a uma narrativa, não servem à verdade”, apontou. “Agora, se a revista Exame se presta a passar esse vexame o problema é da revista”, finalizou o médico.

Com informações do Terça Livre