Portarias do Ministério da Saúde, com vigência a partir deste mês, atualizam para tendências internacionais a estratégia visando à localização de doadores compatíveis no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca). O Redome é o terceiro maior registro de doadores voluntários do mundo, com quase 5,4 milhões de cadastros.
A coordenadora técnica do registro, médica hematologista Danielli Oliveira, disse que uma das mudanças se refere ao limite de idade para o cadastro. Antes da nova portaria, o doador podia se cadastrar até 55 anos de idade e o cadastro ficava ativo até os 60 anos. “Agora, o cadastro continua ativo até 60 anos, mas o doador só pode se cadastrar até os 35 anos”, afirmou.
Estudos recentes mostram que, quanto mais jovem é o doador, melhor o resultado do transplante para o paciente, promovendo aumento na sobrevida, além de menores taxas de complicações e óbitos. Danielli Oliveira explicou que a idade média dos doadores do Redome é 32 anos “e 80% dos doadores que no último ano tinham até 40 anos. Nos últimos três anos, 67% dos doadores cadastrados tinham entre 18 e 35 anos de idade. Então, a chance de uma pessoa que se cadastra mais velha ser selecionada para doar é muito pequena”. Ela destacou que outros registros internacionais já fizeram essa mudança. Alguns limitaram a 30 anos de idade. “Não é uma regra, mas é uma tendência”, esclareceu.
Além da mudança na idade, foi melhorada também a tipagem de cadastro para esses doadores. “Quando a gente fala em compatibilidade para o transplante, a gente fala em compatibilidade HLA (do nome em inglês Human Leukocyte Antigen).”
“A tipagem atual é parcial desses genes HLA. Quando eu vejo um possível doador, essa compatibilidade não está ainda muito definitiva. Eu preciso de exames que complementem a tipagem para dizer que ele (doador) é realmente compatível. Eu tenho exames intermediários até confirmar a compatibilidade”, detalhou.
A revisão de valores de técnicas de exames imunogenéticos de compatibilidade visa garantir o avanço e os melhores resultados na efetividade do processo de identificação de doador não-aparentado compatível. Danielli Oliveira comentou que agora, com o doador entrando no Redome com uma tipagem completa, “eu já consigo no início dizer que se ele realmente é compatível com esse paciente”. Salientou que a expectativa é que, na medida em que houver mais doadores com essa tipagem mais completa, será possível reduzir o tempo para identificar um doador compatível. Da mesma maneira que será reduzido o tempo de identificação dos doadores que apresentam compatibilidade, haverá diminuição do tempo de preparo e espera dos receptores.
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