Os dados que serão divulgados pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal nesta segunda-feira, 11, mostram a desigualdade no acesso à educação no Brasil, especialmente para as crianças de famílias mais pobres. As informações revelam que as crianças que mais necessitam de oportunidades educacionais não conseguem garantir uma vaga nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs).
De acordo com o O Globo, o Painel de Monitoramento das Metas do PNE, desenvolvido pelo Inep, expõe uma realidade persistente: enquanto 54% das crianças de famílias ricas conseguem acesso às vagas nas creches municipais, apenas 28% dos filhos de famílias pobres têm a mesma chance.
Nos últimos anos, Goiânia tem contribuído para que essa realidade se perpetue. A Secretaria Municipal de Educação (SME) da capital revela que há um déficit de 10 mil vagas na Educação Infantil.
Para ilustrar a situação, Isabel Cristina, de 40 anos e moradora do Jardim Goiás Área 1 – uma comunidade considerada favela pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – contou ao Jornal Opção que os filhos das famílias mais pobres não conseguem ingressar nas creches. Isabel, indignada, destacou a contradição de ter um CMEI no bairro, mas sem vagas para os moradores locais. “Temos uma creche aqui, mas nunca há vaga para nossos filhos. O senhor (repórter) deve ver os carrões que param lá para buscar as crianças; é uma creche para ricos. As mães da Vila precisam buscar vagas, muitas vezes longe de casa, sendo que a creche está bem aqui. Por que não priorizam as mães daqui? Isso é um absurdo!”, lamenta.
Welbertt Helry, 34 anos, morador do Setor Urias Magalhães, conta que sua filha, de sete anos, ficou pelo menos cinco anos na fila de espera por uma vaga na educação infantil, situação que já perdura há anos. “Esperamos até cansar, e como não havia outra alternativa, tivemos que nos adaptar financeiramente para colocar nossa filha em uma creche particular”, relata, evidenciando a realidade de muitas famílias que, diante da falta de vagas, se veem forçadas a arcar com os custos de instituições privadas.
Importância da educação na fase inicial da vida
A importância da matrícula em creches desde os três anos é inegável. Essa fase inicial da educação traz ganhos significativos para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social das crianças. A creche oferece um ambiente rico em estímulos que favorece a aprendizagem de conceitos básicos de linguagem, matemática, ciências e habilidades sociais, como a resolução de conflitos e o trabalho em grupo.
Além disso, a presença em um ambiente escolar desde cedo ajuda a desenvolver a autoconfiança e a independência, preparando as crianças para os desafios do ensino fundamental. Estudos comprovam que o acesso precoce à educação infantil está diretamente relacionado a um melhor desempenho acadêmico no futuro, além de contribuir para a redução das desigualdades educacionais, especialmente entre as famílias de baixa renda.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Educação, mas não obteve resposta. O espaço continua aberto.
Fonte: Jornal Opção
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