Um desentendimento entre dois pilotos da Air France, durante um voo regular de passageiros, está sendo investigado pela empresa aérea, que classifica o caso como “comportamento totalmente inadequado”. Diante de um relatório interno vazado, um porta-voz da companhia se pronunciou dizendo que o comandante e o primeiro oficial (copiloto) envolvidos foram suspensos e estão sob investigação.
Segundo o jornal francês La Tribune, que publicou a matéria, o caso teria ocorrido em junho de 2022 e o relatório interno da empresa relata uma situação em que a tripulação de cabine ouviu os pilotos lutando e teve que entrar no cockpit para separá-los.
Depois disso, um dos comissários de voo ainda permaneceu na cabine pelo restante do voo para evitar que os pilotos lutassem novamente.
O caso segue em investigação e não há informações sobre o gatilho que teria levado os dois profissionais a um confronto. O porta-voz da Air France observou que o voo continuou sem incidentes e pousou com segurança.
Pressões e conduta
Na semana passada, o sindicato de pilotos da Air France alertou que seus membros estavam sofrendo de fadiga crônica e depressão. Também acusou o presidente-executivo do Grupo Air France, Benjamin Smith, de estar perseguindo uma ambição pessoal de atingir as metas de lucro, apesar dos avisos de que a segurança do voo poderia ser comprometida.
Além disso, agência nacional que investiga os incidentes e acidentes aéreos na França, o Bureau d’enquêtes et d’analyses (BEA), emitiu um relatório recentemente, onde conclui que “existe uma cultura entre algumas tripulações da Air France de questionar até que ponto o cumprimento rigoroso dos procedimentos contribui para a segurança” e que isso é grave e poderia levar a um acidente.
O BEA disse que os incidentes envolvendo a Air France continuam “extremamente limitados”, mas que em várias investigações recentes, a agência descobriu que a tripulação da companhia aérea não cumpriu os procedimentos de “maneira compatível”. Os investigadores afirmam que as margens de segurança foram reduzidas “sem que a tripulação estivesse realmente preocupada com isso”.
Uma série de recomendações foi dada à empresa aérea, para que reforce treinamentos e código de conduta. No entanto, chama a atenção o fato de que não é a primeira vez que isso acontece e nem que a agência francesa recomenda as mesmas coisas para a companhia de bandeira nacional.
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