Reuters – Rússia e Estados Unidos fizeram nesta quinta-feira (1º) a maior troca de prisioneiros desde a Guerra Fria. Em uma operação com participação da Alemanha e Belarus e mediada por Turquia, nomes como o jornalista do jornal “The Wall Street Journal” Evan Gershkovich, que havia sido condenado a 16 anos de prisão por espionagem, foram libertados.
Veja, abaixo, alguns dos libertados na operação:
Evan Gershkovich
Jornalista americano Evan Gershkovich preso na Rússia suspeito de espionagem durante audiência em Moscou — Foto: NATALIA KOLESNIKOVA / AFP
O jornalista americano Gershkovich, correspondente na Rússia do jornal “The Wall Street Journal”, foi preso em março de 2023 na cidade de Ecaterimburgo, nos Urais, e foi a julgamento em junho deste ano, acusado de espionar para a Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA) para obter segredos sobre uma empresa russa que fabrica tanques para a guerra na Ucrânia.
O Kremlin disse que ele foi pego “em flagrante”. Gershkovic, o “The Wall Street Journal” e o governo dos EUA negaram as acusações. Ele foi condenado em 19 de julho e sentenciado a 16 anos de prisão no terceiro dia de um julgamento que foi fechado para a mídia por motivos de segredo de Estado.
Paul Whelan
Paul Whelan aparece em foto cedida por sua família. Ele está preso na Rússia acusado de espionagem — Foto: Arquivo pessoal/Whelan Family/Via Reuters
Ex-fuzileiro naval dos EUA com cidadania norte-americana, britânica, irlandesa e canadense, Whelan foi preso na Rússia em 2018. Ele foi condenado por espionagem em 2020 e recebeu uma sentença de 16 anos. Ele negou as acusações.
À época de sua prisão, Whelan era chefe de segurança global da BorgWarner, uma fornecedora de peças de automóveis sediada em Michigan. Investigadores russos disseram que ele era um espião da inteligência militar e foi pego em flagrante com um pen drive de computador contendo informações confidenciais.
Os EUA invariavelmente se referiam aos casos de Gershkovich e Whelan lado a lado, dizendo que ambos estavam sendo usados como moeda de troca por Moscou. Washington diz que ambos foram “detidos injustamente”, o que significa que considerou os casos politicamente motivados e estava comprometido em tentar levá-los para casa.
Alsu Kurmasheva
Alsu Kurmasheva, editora da rádio Free Europe, durante audiência judicial na Rússia, em maio de 2024. — Foto: AP
Jornalista russo-americana da Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL), financiada pelos EUA, Kurmasheva foi sentenciada a seis anos e meio de prisão em 19 de julho, o mesmo dia que Gershkovich.
Ela foi condenada por violar as leis russas sobre “falsificações militares” em conexão com um livro que ela editou sobre a Ucrânia. A RFE/RL chamou o caso de Kurmasheva de “uma zombaria da justiça”, e a Embaixada dos EUA em Moscou pediu à Rússia que a libertasse.
Rico Krieger
O alemão Rico Krieger, preso em Belarus e libertado na troca de prisioneiros entre EUA e Rússia em 1º de agosto de 2024. — Foto: Belteleradio Company via Reuters
Krieger foi condenado à morte na Bielorrússia por acusações de terrorismo e foi perdoado na terça-feira pelo presidente Alexander Lukashenko, um dos principais aliados do Kremlin.
Russos presos no exterior
Avião militar russo deixa Ancara, na Turquia, após troca de prisioneiros entre Rússia e EUA, em 1º de agosto de 2024. — Foto: Tunahan Turhan/ Reuters
Vadim Krasikov
O russo Vadim Krasikov, condenado na Alemanha por assassinar um dissidente checheno e libertado na troca de prisioneiros entre EUA e Rússia, em 1º de agosto de 2024. — Foto: Reuters
Krasikov é um cidadão russo que cumpria pena perpétua em uma prisão alemã por assassinar um dissidente checheno-georgiano exilado em um parque de Berlim em 2019. Um juiz alemão acusou a Rússia de terrorismo de Estado, dizendo que a ordem de matar deve ter vindo do próprio presidente Vladimir Putin. A Rússia contesta a interpretação do juiz.
Em uma entrevista em fevereiro com o jornalista americano Tucker Carlson, Putin deu a entender que Krasikov era o prisioneiro russo que ele queria que fosse trocado por Gershkovich, referindo-se a uma pessoa que “devido a sentimentos patrióticos, eliminou um bandido em uma das capitais europeias”.
Roman Seleznev
Filho de um legislador russo, Seleznev foi considerado culpado por um tribunal federal dos EUA no estado de Washington em 2016 por perpetrar um ataque cibernético a milhares de empresas dos EUA que envolveu invadir computadores de pontos de venda para roubar números de cartão de crédito, resultando em US$ 169 milhões em perdas.
Ele foi sentenciado em 2017 a 27 anos de prisão, a mais longa sentença relacionada a hackers nos EUA. No mesmo ano, Seleznev se declarou culpado de participar de um esquema de extorsão em Nevada e conspiração para cometer fraude bancária na Geórgia e recebeu uma pena de 14 anos de prisão para cada um, a ser cumprida simultaneamente com a sentença de Washington.
Dissidentes presos na Rússia
Vladimir Kara-Murza
O ativista da oposição Vladimir Kara-Murza foi condenado a 25 anos por traição. — Foto: REUTERS via BBC
Kara-Murza é um cidadão russo e britânico que estava cumprindo uma pena de 25 anos em uma colônia penal da Sibéria. Ele foi condenado por traição em 2023 por condenar a guerra da Rússia na Ucrânia e pedir sanções ocidentais contra Moscou. Ele comparou seu caso aos julgamentos-espetáculo stalinistas da década de 1930.
Após a morte de Alexei Navalny em fevereiro, ele era o dissidente mais conhecido atualmente preso na Rússia. Ele sofre de uma doença nervosa após sobreviver a duas tentativas de envenenamento na década de 2010, e seus apoiadores expressaram temores por sua vida.
Embora não seja um cidadão dos EUA, ele tem conexões com os Estados Unidos – ele defendeu a adoção da Lei Magnitsky impondo sanções contra indivíduos responsáveis por abusos de direitos humanos e foi um carregador de caixão no funeral do senador republicano John McCain.
Mesmo da prisão, ele publicou colunas no Washington Post, pelo qual recebeu o Prêmio Pulitzer em maio.
Ilya Yashin
Um dos líderes da oposição russa, ex-deputado municipal de Moscou, Ilya Yashin, dentro da jaula de vidro dos réus — Foto: Yuri Kochetkov/Pool via REUTERS
Yashin, 41, foi preso em dezembro de 2022 por oito anos e meio sob acusações de espalhar “informações falsas” sobre o Exército russo, parte de um pacote de leis abrangentes de censura em tempos de guerra. Ele foi condenado por declarações que fez em seu canal do YouTube sobre supostos crimes de guerra cometidos por forças russas no subúrbio de Bucha, em Kiev, nas primeiras semanas da guerra na Ucrânia.
Tendo ganhado destaque durante uma onda de protestos anti-Kremlin em 2011-12, Yashin foi eleito chefe de um conselho distrital de Moscou em 2017, mas foi repetidamente impedido de concorrer a cargos mais altos. Como muitas outras figuras importantes da oposição, ele foi rotulado de “agente estrangeiro” pelo governo russo.
Yashin era um amigo de longa data e aliado de Alexei Navalny, que morreu em uma colônia penal no Ártico em fevereiro.
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