Sangue achado em carro de empresário no autódromo não é da esposa

A perícia da Polícia Técnico-Científica apontou que o sangue dentro do carro de Adalberto Amarilio Júnior, 35 anos, não é da esposa dele. Há exatamente um mês, o empresário foi encontrado morto dentro de um buraco no Autódromo de Interlagos, na Zona Sul em São Paulo. Ele foi asfixiado. Segundo o exame de DNA, a amostra tem o perfil genético de Adalberto e de uma mulher, ainda não identificada pelos peritos.

A informação foi confirmada nesta quinta-feira (3) à equipe de reportagem por delegados da Polícia Civil. O caso é investigado como assassinato, mas até o momento, nenhum suspeito pelo crime foi identificado ou preso.

O Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) investiga se seguranças poderiam estar envolvidos no crime. Dos cerca de 150 seguranças que atuaram no evento no autódromo do qual Adalberto participou, 18 deles já foram ouvidos pela investigação. Mas nenhum deles foi apontado ou responsabilizado por qualquer participação no caso.

A polícia ainda não sabe quem matou o empresário. O resultado do DNA do sangue dentro do carro de Adalberto mantém a incógnita de quem poderia estar envolvido no homicídio dele.

Entenda a cronologia do desaparecimento de empresário em Interlagos

Adalberto não voltou para casa após ter passado o dia com um amigo no evento de motocicletas no Autódromo de Interlagos. Em depoimento à polícia, o amigo descreveu como foi o dia em que o empresário desapareceu.

Amigos há cerca de oito anos, de acordo com o relato, os dois mantinham o mesmo interesse por motocicletas e participavam de um grupo de WhatsApp chamado “Renatinha Motoqueirinha”, no qual organizavam passeios de moto e conversavam diariamente.

Adalberto e o amigo participaram de test drives de motocicletas, das 14h30 às 17h. Em seguida, foram tomar um café em um dos quiosques e passear pelo evento. O empresário, então, teria sugerido que os dois tomassem uma cerveja.

Às 17h15, compareceram a uma ativação de motocross dentro do evento e, às 19h45, foram assistir ao show do cantor Matuê. Durante a apresentação, Adalberto e o amigo teriam usado maconha, adquirida de estranhos, no local, pelo próprio empresário. Eles beberam cerca de oito cervejas.

Segundo o depoimento do amigo, Adalberto estava alcoolizado e alterado. A combinação da maconha com a cerveja o deixou “mais agitado que o normal”, de acordo com o relato. Não houve brigas, desentendimentos ou qualquer outra situação que pudesse trazer problemas, contou o amigo.

O show acabou às 21h e os amigos se despediram às 21h15. Adalberto alegou que precisava ir embora para jantar com a esposa. O amigo permaneceu no evento, comeu um hambúrguer e tomou refrigerante. Ele disse que deixou o Autódromo de Interlagos às 22h30.

No depoimento, ele disse que chegou em casa às 23h e adormeceu. Por volta das 2h de sábado (31/5), recebeu uma mensagem da esposa do empresário perguntando sobre o paradeiro do marido.

No dia seguinte ao desaparecimento de Adalberto, no domingo (1º/6), o amigo que prestou depoimento teve uma motocicleta roubada. Ele contou que foi abordado por quatro indivíduos armados, que estavam em duas motos. Celular e capacete também foram levados.

Corpo encontrado em buraco

O corpo de Adalberto foi encontrado na Avenida Jacinto Júlio por volta das 10h, em um buraco de 3 metros de profundidade e 70 centímetros de diâmetro. De acordo com a diretora do DHPP, Ivalda Aleixo, o cadáver não tinha lesões aparentes, vestígios de sangue, ferimentos ou fraturas.

O empresário estava no buraco com um capacete “colocado” na cabeça e as mãos para cima, vestindo nada além de uma jaqueta e a cueca. O cadáver ainda tinha muita terra no rosto e nas mãos, em razão de o empresário ter ficado dentro de um vão de uma obra, realizada próximo ao Kartódromo de Interlagos, onde o carro estava estacionado.

A diretora do DHPP acredita que Adalberto foi colocado no buraco já morto ou desacordado, pois, segundo ela, não havia sinais de que o empresário tenha reagido ou tentado escalar o local. Ivalda ainda mencionou que a vítima estava a cerca de um metro de profundidade na terra, e que só não estava mais abaixo porque os braços impediram que o corpo descesse.