Trump recua de novo e adia para abril tarifas sobre México e Canadá

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira, 6, que vai adiar mais uma vez a implementação de tarifas sobre as importações vindas do México. Movimento semelhante ocorreu no início de fevereiro, quando a taxação foi adiada por um mês após concessões da líder mexicana, Claudia Sheinbaum. Segundo uma publicação de Trump em sua rede social, a Truth, o México não terá que pagar tarifas sobre nenhum produto que se enquadre no USMCA (acordo comercial entre Estados Unidos, México e Canadá). O adiamento da taxação será válido até 2 de abril, data em que outros impostos anunciados por Trump devem começar a valer.

A partir desse dia, entrarão em vigor as chamadas “tarifas recíprocas”, em que os Estados Unidos passarão a cobrar por produtos importados uma taxa equivalente à que seus respectivos países de origem impõem sobre as mercadorias americanas, geralmente mais alta. A expectativa é de que o Brasil seja afetado. Graças aos acordos de livre comércio USMCA, de 2020, e seu antecessor, o NAFTA, México e Canadá são os principais parceiros de negócios dos Estados Unidos – representando quase 30% do fluxo comercial americano. Foi Trump, aliás, quem encampou o USMCA em seu primeiro mandato, introduzindo mais proteções, por exemplo, para a indústria automobilística americana. No entanto, Trump 2.0 já não vê com bons olhos sua obra do passado, dobrando a aposta no protecionismo.

O ‘tarifaço’ de Trump

Depois de um primeiro adiamento de 30 dias, as tarifas de 25% sobre todas as importações que chegam aos EUA do México e Canadá entrou em vigor, junto a uma taxa adicional de 10% sobre as importações vindas da China — o que gerou retaliações desses países e reações negativas em mercados financeiros no mundo todo. Trump impôs essas tarifas (as primeiras de uma série de taxas anunciadas no último mês) alegando que elas eram decorrentes dos problemas de entrada de drogas e imigrantes pelas fronteiras dos países vizinhos e pelo envio de drogas vindas da China. No mesmo dia em que as medidas entraram em vigor, Canadá e China já retaliaram.

O Canadá afirmou que vai impor tarifas de 25% sobre US$ 107 bilhões em produtos dos EUA em até 21 dias. Em entrevista, o primeiro-ministro canadense também disse que buscaria “diversas medidas não tarifárias” se fosse necessário para combater as taxas americanas. Já a China impôs taxas de 10% a 15% sobre os produtos agrícolas que chegam ao país vindos dos EUA e anunciou restrições de exportações e investimentos a 25 empresas americanas. O México não chegou a anunciar nenhuma medida, mas a presidente do país afirmou que não havia “justificativa” para as tarifas de 25% impostas pelos EUA e disse que estudava uma forma de retaliação. “Ninguém ganha com esta decisão”, disse Sheinbaum.