Thais foi alfabetizada em Braile na Escola Municipal Messias Bites Leão, na Vila Perpétuo Socorro, aos seis anos de idade. Este ano, realizou o sonho de entrar na Universidade Federal de Goiás (UFG) no curso de Musicoterapia. O ensino se baseia nas salas de Atendimento Educacional Especializado (AEE) da rede municipal, que foram foco de encontro realizado nesta quinta-feira (17/03) pela Secretaria Municipal de Educação. Na rede estão matriculados cerca de 400 alunos especiais
Alfabetizada pelo sistema Braile aos seis anos de idade, a adolescente Thais Rodrigues Santos, se tornou, aos 18 anos, um exemplo para alunos e pais de alunos deficientes que frequentam a Rede Municipal de Ensino de Trindade. Thaís foi aprovada este ano para o curso de Musicoterapia da Universidade Federal de Goiás (UFG), realizando um sonho da família e dela própria, que canta desde os três anos de idade.
Ela foi alfabetizada em Braile na Escola Municipal Messias Bites Leão, na Vila Perpétuo Socorro. “Não foi fácil, mas passei na UFG no curso que era minha primeira opção”, revela a estudante, sem esconder a alegria da conquista, fruto de muito esforço. A adolescente se diz realizada “e pronta para novas experiências”.
Durante evento sobre o ensino inclusivo na rede municipal de Trindade, realizado no Auditório do Centro Administrativo Pedro Pereira da Silva, Thais chamava a atenção. Suas fotos de quando menina, aprendendo Braile, estampavam uma parede, ao lado de outras, atuais, comemorando a aprovação na UFG. Abaixo das fotos, vários instrumentos e jogos táteis usados para o ensino de alunos deficientes visuais.
Filha de um borracheiro e uma dona de casa, Thaís é a irmã mais nova de três garotas e marcou sua chegada na família com uma apreensão distante das conquistas de hoje em dia.
Ela nasceu prematura, de apenas 6 meses de idade, e sofreu catarata nos dois olhos. Segundo a mãe, Carmelita de Souza, 58 anos, tudo indica que o problema foi causado pela luz forte do berço da UTI neonatal de um hospital onde Thaís ficou internada em Goiânia ao nascer prematuramente, e onde também sobreviveu a uma cirurgia no pulmão, ainda bebê.
Carmelita só notou que a filha caçula não enxergava bem quando Thaís tinha um ano de nascida. Então veio o diagnóstico de cegueira quase total “que mudou a vida de todos em casa”, lembra.
Com poucos recursos, conta a mãe, o casal buscou sempre os benefícios aos quais Thaís tinha direito por ser deficiente visual (ela enxerga apenas vultos em um dos olhos). “Do dinheiro da aposentadoria, a tudo mais que ela tivesse direito, revertíamos para não faltar nada a ela”, cita a dona de casa, orgulhosa de ver as vitórias da adolescente.
As conquistas dela são, também, conquistas de professores do ensino fundamental como Maria da Glória Silveira de Oliveira Mendes que simplesmente precisou aprender Braile para ensinar a aluna de 6 anos, por volta de 2010. Na época, Thais era a única entre os alunos deficientes da professora que não enxergava.
“Fiquei transtornada quando vi que só havia uma pessoa na escola que sabia orientar Thais e fui fazer um curso de Braile em Goiânia. Fui aprender para ensinar”, relatava, cheia de satisfação durante encontro com a ex-aluna e a mãe nesta quinta-feira.
A professora se dedica ao ensino especializado e inclusivo há cerca de 20 anos. Nesses anos, alfabetizou dezenas de crianças e adultos com outras deficiências, e alfabetizou em Braile Thais e mais três alunos deficientes visuais.
O Braile é um sistema de leitura e escrita tátil que utiliza 63 símbolos em relevos e combinações de até seis pontos distribuídos em uma célula em duas colunas de três linha cada.
Com o que aprendeu na Messias Bites Leão, Thais cursou o ensino médio também em Trindade, no Cepi Divino Pai Eterno, antes de se inscrever no último Enem pelas cotas.
Salas de Atendimento Especial
Maria da Glória é uma das professoras de Trindade que fazem parte das 9 salas de Atendimento Educacional Especializado (AEE) da rede municipal, custeadas por um programa federal.
A coordenadora de Inclusão da rede municipal, Laura Cunha Alves, destaca que uma das salas AEE está em fase de implantação na Escola Municipal Tabelião.
Cita ainda que também existem três salas de estimulação precoce que são de responsabilidade do município e funcionam dentro da Vila São Cotolengo, oferecendo acompanhamento psicomotor e psicopedagógico.
Abaixo, veja onde ficam as AEE em atividade na rede municipal de ensino de Trindade
Escola Municipal Messias Bites Leão, única para deficientes visuais também
Escola Municipal Maria Dolores
Escola Municipal Fonte Boa
Escola Municipal João de Deus Guimarães
Escola Municipal Maria Aparecida Marques
Escola Municipal Padre Antão
Escola Municipal Almiro Pereira
Escola Municipal José Felício
Relacionadas
Brasil pede desculpas oficiais pela escravização das pessoas negras
Julgamento de Bolsonaro e demais indiciados pode ocorrer em 2025
Ex-bailarina do Faustão, Natacha Horana é presa em São Paulo