Ex-presidente reclamava da delação de Antônio Palocci que entregou o gigantesco esquema de corrupção de Lula
Se o áudio é autêntico, também se confirma que a delação de Palocci é verdadeira quanto as inúmeras corrupções de Lula
Um laudo técnico-científico demonstra a autenticidade de um áudio em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comenta as denúncias do ex-ministro Antônio Palocci durante a exibição de uma reportagem no Jornal Nacional em 7 de setembro de 2017.
A gravação de 3min23s, que circula pelas redes sociais, havia sido considerada falsa pela agência Comprova em julho deste ano. Segundo a conclusão dos checadores, amplamente divulgada pela mídia, a voz na gravação era de um imitador de Lula.
No entanto, o laudo assinado em agosto de 2022 pela perita criminal federal aposentada Nerci Lino de Almeida Tonaco, com 20 anos de experiência em perícias de som, demonstra que o áudio é verdadeiro – e que a voz é de Lula.
PERITA CONSAGRADA NA POLÍCIA FEDERAL
A perita Nerci Lino de Almeida, autora do laudo técnico sobre o áudio atribuído ao ex-presidente Lula, atuou entre 1999 e 2018 como perita criminal no Departamento de Polícia Federal em Brasília, como especialista em análise de voz. Formada em Química pela Universidade Católica de Brasília e mestre em Engenharia Elétrica pela UnB, ela participou de dezenas de investigações da PF e de outras instituições ao longo de suas duas décadas de atividade como perita em análise de áudios.
A análise pericial começa por refutar a informação de que a gravação foi feita por grampo telefônico autorizado pela Justiça. Segundo o laudo, a voz foi captada por um equipamento de gravação ambiental, provavelmente colocado em uma das extremidades da linha telefônica utilizada por Lula. As vozes e sons que se ouvem ao fundo correspondem à matéria do JN veiculada em 7 de setembro de 2017.
O áudio analisado na perícia circulou nas redes sociais juntamente com uma edição de dois vídeos. Um deles mostrava o ex-presidente Lula perguntando durante um podcast: “O que é que foi que eu roubei?” O segundo era um trecho do depoimento de Antonio Palloci à Lava Jato, em que o ex-ministro acusava Lula de diversos atos de corrupção. A divulgação simultânea dos três conteúdos acabou gerando interpretações errôneas de que o áudio de 3min23s teria sido editado. O laudo desfaz essa confusão.
37 gravações de Lula
Para avaliar a autenticidade das falas atribuídas a Lula no áudio, a perita Nerci Lino utilizou 37 gravações de Lula (grampos da Lava Jato, entrevistas à imprensa, depoimentos a Sergio Moro, conversas com Dilma Rousseff, Jacques Wagner, Rui Falcão, Lindbergh Farias, Eduardo Paes e outras pessoas). Com isso, ela fez uma meticulosa comparação entre as gravações de conhecimento público e o áudio questionado.
As análises da gravação foram feitas inicialmente para avaliar se o conteúdo da gravação obedecia aos processos normais de articulação da fala, tais como coarticulação, ajuste temporal, prosódia e ritmo. Do ponto de vista físico-acústico, a perícia estudou os registros de áudio por meio da verificação de sua forma de onda (oscilograma), dos espectros de frequências e dos espectrogramas (gráficos em que a frequência da voz é representada no eixo vertical; o tempo, no eixo horizontal e a intensidade pelas diferenças de gradação da voz). Com base nessa varredura da gravação, o laudo aponta que “não foram encontrados indícios de eventos de interrupção, corte, superposição, deslocamento, emenda ou edição – em suma, não foram encontrados eventos indicativos de edição de caráter fraudulento”.
Ao comparar o áudio questionado com as 37 falas de Lula, a perícia buscou comprovar ou refutar a hipótese de que a voz é de Lula ou de um imitador. Nesse trabalho, há uma combinação entre as análises perceptivo-auditiva e acústica. “Em ambas as análises são considerados os parâmetros técnico físico-comparativos relacionados à anatomofisiologia do aparelho fonador, à condição neurocognitiva e ao comportamento linguístico do falante”, diz o laudo.
A conclusão da perícia é que se observou uma plena conformidade entre o áudio questionado e as 37 gravações da voz de Lula, em relação ao sexo (características vocais masculinas), à fase do ciclo de vida (características vocais compatíveis com adulto em processo de senescência), às maneiras de iniciar e pontuar a conversa telefônica, aos marcadores do discurso e às características sociolinguísticas da fala.
Do ponto de vista acústico, o laudo apontou uma variação de frequência semelhante, tanto no áudio questionado quanto nas outras gravações, naqueles momentos em que o locutor aparenta se aborrecer com o assunto tratado ou com o interlocutor. “Os registros que compõem o material questionado são permeados por vários trechos de fala com o pitch (sensação de som grave ou agudo) bem mais agudo, provavelmente devido ao fato de estas emissões apresentarem um discurso com fala alterada, de conotação irritadiça e que transmite agressividade”, diz o laudo.
Com informações do Brasil Sem Medo
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