Deputada Federal Aline Sleutjes organiza visita técnica a Minas Gerais para conhecer as pesquisas e soluções para o setor leiteiro do Brasil

A deputada federal Aline Sleutjes, Presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados (CAPADR), propôs através de requerimento, missão oficial de deputados da Subcomissão do Leite para conhecer os resultados dos estudos da Embrapa Gado de Leite, no município de Coronel Pacheco (MG). Segundo ela, o objetivo da missão foi colher subsídios e informações sobre as inovações que possam subsidiar os produtores de leite, gerando economicidade, rentabilidade e deixando o setor mais atrativo.

A visita aconteceu no dia 11 de junho durante todo o dia, na Embrapa Gado de Leite, que completa 45 anos de muito trabalho, dedicação, resultados e comprometimento com a pesquisa, desenvolvimento econômico do setor e também do agro. Além da presidente Deputada Aline Sleutjes, a Deputada do Agro a comitiva contou com alguns integrantes importantes da subcomissão do leite, Deputados Domingos Sávio, Benes Leocádio, Charles Evangelista, Geraldo Borges, Presidente da ABRALEITE e outras instituições de Minas Gerais do Setor, que puderam através de exposição, visita e palestra , aprender mais sobre a questão de novas alimentações, técnicas para o aumento da produtividade, eficiência, energia mais barata entre outros temas.

O grupo pôde conhecer o sistema de produção intensiva de leite em confinamento denominado “Vacas e Pessoas Felizes”. É um sistema do tipo Compost Barn, onde 217 vacas ficam confinadas e cuidadas, sua produtividade dia atinge de 36 a 42 litros/dia/vaca. O pesquisador da Embrapa, Pedro Arcuri, explicou como funciona o sistema, que monitora o rebanho 24h por dia, priorizando conforto e limpeza.

As vacas ficam com uma espécie de coleira que transmite os dados para um sistema, com informações sobre a parte reprodutiva, parâmetros de ruminação, atividade e dados do ambiente para a detecção precoce de cio, indicativos de doenças ou estresse térmico, possível tipo de bactérias causadoras de mastite, permitindo com o diagnóstico precoce o controle mais eficaz e com uso de menor quantidade de antibióticos.

O modelo é viável, inclusive, para o pequeno produtor, através do aluguel mensal do equipamento. Este modelo de Compost Barn é um barracão, controlado através do resfriamento do ar ao passar através de placas evaporativas com água circulante. A EMBRAPA Gado de Leite, desenvolve pesquisas para avaliar o desempenho em produção de leite, parâmetros reprodutivos e de bem-estar animal de vacas de alta produção.

Para redução do gasto com energia e aumento da sustentabilidade está sendo instalado o Sistema Fotovoltaico que já demonstra grande economicidade. Segundo a deputada Aline Sleutjes, é possível pagar o investimento em cerca de 2 a 3 anos com financiamento integral pelo BRDE,BNDES ou Banco do Brasil.
Outro Sistema de produção visto na propriedade é o “Leite Verde”, onde os animais usam o pasto como base da alimentação. Neste caso, a temperatura, irradiação solar, umidade e locomoção impactam na capacidade de produção do leite. A raça mais adequada é o Girolando, que tem maior resistência ao calor e ao carrapato, por exemplo.
A Embrapa avalia, desenvolve e demonstra para produtores, técnicos, estudantes e parceiros, as tecnologias recomendadas para a produção de leite à base de pastagens, com suplementação. As pastagens e produção de forragens, para a alimentação de um rebanho de 70 vacas em lactação cuja média de produção é de 18 litros de leite / vaca / dia. As tecnologias recomendadas permitem a produção de leite de qualidade, de forma sustentável.

Visitamos também a “Vitrine de Forrageiras” , variedades de Capim-Elefante BRS Kurumi, para pastejo e BRS Capiaçu, para silagem e alimentação no cocho. Desde seu lançamento em 2014 e 2016, respectivamente, ambas variedades vêm sendo adotados em praticamente todo o território nacional. O desempenho dessas forrageiras e sua aceitação pelos animais tem sido fantásticas, incluindo para outros ruminantes como bovinos de corte, ovinos e ainda, equinos, tem sido relatado por inúmeros produtores. A produtividade, a resiliência e tolerância ao clima e o valor nutritivo elevado, faz com que essas forrageiras possam substituir em parte o uso de silagem de milho e rações à base de soja e milho.

Com isso, as mesmas contribuem para a redução do custo de produção de leite um dos piores problemas do setor. A Comissão recebeu informações sobre as variedades BRS Ponteio, BRS Integração e BRS Estações, todas da forrageiras Azevém, que foram desenvolvidas para as regiões de clima frio e para uso como forrageiras de inverno. Estas variedades correspondem hoje a cerca de 70% do mercado de sementes brasileiras de Azevém. Ainda, a Comissão foi informada do lançamento neste segundo semestre da forrageira BRS Integra, da espécie Brachiaria ruziziensis. A BRS Integra é plantada por sementes, foi desenvolvida para ser usada em Sistemas de Integração Lavoura – Pecuária para o pastejo após a colheita de grãos, e ainda, como produção de biomassa para palhada, de modo a aumentar o teor de matéria orgânica no solo e aumentar a retenção de carbono e água no solo.

Em relação à qualidade do leite quanto à sua composição em sólidos e aos indicadores de qualidade, a Embrapa salientou a importância das análises para contagem de Células Somáticas (CCS) e Contagem Bacteriana Total (CBT), em atendimento às atuais Instruções Normativas de Qualidade do Leite, IN 76 e IN77, prezando sempre pela qualidade do leite, que tem aumentado, e ainda de informações que sirvam para o apoio técnico às instâncias formuladoras de políticas públicas para a evolução da cadeia brasileira do leite de modo que o mercado consumidor brasileiro seja abastecido com produtos lácteos de melhor qualidade, cada vez mais saudáveis e que o país possa vir a se tornar um grande exportador de lácteos para o mercado global.

De acordo com a deputada, a meta é disponibilizar para os produtores do Brasil possibilidades de redução de custo de produção, através da transferência de tecnologias comprovadamente exitosas. Muitas queixas e dificuldades dos produtores foram identificadas pela comissão, portanto, a busca de soluções, através das visitas técnicas (a primeira foi na Embrapa Gado de Leite e acontecerá, ainda, no Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Goiás e Espírito Santo), foi a medida mais certeira para definir alternativas de suporte ao setor.
“Aqui na Embrapa vimos opções de criação e produção. Vamos fazer o registro de todas as informações, conhecimentos, pesquisas e possibilidades para encontrarmos o melhor para a o dia a dia do nosso produtor. Estamos falando de 20 milhões de brasileiros, direta e indiretamente, no setor leiteiro. Então, temos que apontar alternativas para que eles se mantenham no campo e com qualidade.”, pontuou a Deputada do Agro.

Os problemas surgem e precisamos ter soluções novas. É preciso investir e encontrar maneiras eficientes para que o produtor tenha acesso ao que já existe. Além disso, a pesquisa se faz, necessariamente, com recursos públicos e com parceria privada. Quando o governo federal aporta recursos, a gente tem condições de trabalhar com mais eficiência e tranquilidade”, completou Paulo Martins, da Embrapa.

O Leite é o quarto maior faturamento no ranking do agronegócio. De acordo com a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o valor bruto de produção (VBP) no segmento pecuário, em 2019, alcançou R$ 250,8 bilhões. Só do setor leiteiro, foram mais de R$ 50 bilhões, ocupando o quarto lugar do ranking dos maiores faturamentos, atrás, apenas, da soja, da carne bovina e do milho. Mas, se for considerada a geração de riqueza até no varejo, o faturamento anual da cadeia chega a R$ 100 bilhões¨, analisou o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges.
De acordo com ele, que também estava presente na visita, ” O setor leiteiro vem passando por mudanças nas últimas quatro décadas de desenvolvimento, produção e de aumento de produtividade.
O Brasil é o terceiro produtor de leite no mundo. É fundamental que na Câmara dos Deputados exista um trabalho focado na cadeia produtiva láctea para que as políticas públicas possam ser bem elaboradas, as leis sejam bem trabalhadas, para que tragam melhorias para o setor: desburocratizar, fazer com que ele se desenvolva e seja competitivo. Por isso, é muito importante essa visita hoje, para que o trabalho lá na casa legislativa seja bem conduzida, bem trabalhado, dentro da realidade que nós, da cadeia produtiva do leite, precisamos”, destaca Geraldo.

Segundo dados do último Censo do IBGE, o Brasil tem 1.171.000 propriedades produtoras de leite e em 98% dos municípios tem o produto. Para o deputado Domingos Sávio, a Embrapa é fundamental para a pecuária leiteira. “Primeiro, porque o Brasil é um grande produtor de leite e derivados, que são componentes importantes na segurança alimentar. Segundo, porque não temos outras ações de pesquisa no leite, como temos em outras áreas de produção, como de grãos. A grande pesquisadora do produtor de leite no Brasil é a Embrapa Gado de Leite. Tenho um respeito muito grande por esses profissionais que se dedicam a pesquisar técnicas que melhorem a produtividade e otimizem a atividade do produtor”.

O deputado Benes Leocadio acrescentou que é fundamental esse olhar mais próximo ao setor: “Com as tecnologias, hoje usadas e demonstradas aqui para nós pela Embrapa, confirmamos que é um segmento que deve ser apoiado e cada vez mais fortalecido para termos a certeza e a garantia que é uma atividade que pode ser sustentável. Nas discussões que estamos tendo hoje, no conhecimento, nas várias experiências e ensinamentos que estamos tendo aqui in loco, podemos, através da Comissão de Agricultura, darmos um olhar mais próximo para essa cadeia, para desenvolvê-la e termos resultados lucrativos”.

“Para a legislação brasileira, todo leite, para ser inspecionado, tem que ter necessariamente o aval de um laboratório da rede. Todos os laticínios têm, obrigatoriamente, que fazer a análise do leite e encaminhar uma vez por mês as amostras, para verificar a qualidade do produto. Além disso, é uma forma de subsidiar a tomada de decisão por parte dos produtores com o intuito de melhorar o produto”, explica o chefe-geral, Paulo Martins.

Os deputados também participaram da inauguração de um estúdio, efetivado com verba de emenda parlamentar do Deputado Charlles Evangelista. Para ele, alocar recursos na Embrapa é ter a certeza que serão muito bem aplicados. “Fico muito feliz por poder contribuir com a emenda parlamentar, principalmente por tudo que vem sendo feito pela instituição em favor cadeia do leite, as pesquisas, novas tecnologias, a modernização da produção. São ações que tenho certeza que vão beneficiar todo o agronegócio no país”, ressalta Evangelista.

A avaliação da primeira missão segundo a presidente da Comissão da Agricultura foi de sucesso total. ¨Até o final desta jornada deixaremos um legado ao setor do leite, parabéns a todos pela dedicação¨, ressaltou.