Eduardo Cunha diz que anulação do impeachment de Dilma é ridícula e sem lógica

O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha disse à Folha que a proposta do PT de anular simbolicamente o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) é “ridícula” e “não tem lógica”. Pivô da queda da petista, Cunha foi o responsável pela abertura do processo, em dezembro de 2015. Ela terminou perdendo o mandato em 2016. “É ridícula [a proposta]. O impeachment da Dilma não se deu pela pedalada fiscal”, declarou Cunha. Ele afirmou que, como as pedaladas ocorreram em 2014, foram irregularidades cometidas no primeiro mandato de Dilma. Por isso, ele diz não ter aceitado a abertura do pedido de impeachment com base nessas alegações.

Segundo ele, o argumento para afastar a ex-presidente foram decretos orçamentários editados por ela sem a autorização do Congresso Nacional. “Falar que a Dilma foi impichada pela pedalada é discurso político, não tem nada a ver com o impeachment real. Então, baseado nisso, é um absurdo”, disse. O impeachment de Dilma foi deflagrado pelo então presidente da Câmara após o PT ter votado a favor de um pedido de cassação do mandato do ex-deputado, acusado de mentir ao falar de suspeitas de corrupção. Diante disso, Cunha decidiu abrir o processo de impedimento por crime de responsabilidade. Ele nega ter agido para retaliar a então mandatária e seu partido.

Dilma foi acusada de editar decretos de créditos suplementares sem aval do Congresso e de usar dinheiro de bancos federais em programas do Tesouro para expandir artificialmente a capacidade fiscal, as chamadas pedaladas fiscais. A decisão tomada pela Câmara e pelo Senado, no processo e no mérito, foi acompanhada sem contestação pelo STF (Supremo Tribunal Federal). O processo também correu num contexto de crise econômica, acusações de corrupção decorrentes da Operação Lava Jato, manifestações de rua pró-impeachment e perda de apoio no Legislativo. Partidos desembarcaram gradualmente da base e o governo Dilma foi perdendo capacidade de conter o processo.

Fonte: Jornal de Brasília