As manifestações recentes feitas pela presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), criticando declarações de apoio de lideranças religiosas ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), serviram como pólvora entre os parlamentares que integram a Bancada Evangélica na Câmara dos Deputados. Na análise dos legisladores que integram o colegiado, Gleisi pode dificultar as conversas do grupo com o presidente eleito, que assume o comando do país no dia 1º de janeiro.
As divergências entre os petistas e os integrantes da bancada evangélica não são recentes, mas tomaram proporções maiores nesta semana, depois que o bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal, pediu em uma live que os fiéis perdoem o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O bispo era um dos aliados do atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).
“Não podemos ficar com mágoa, porque é isso que o diabo quer”, disse Macedo. “O diabo quer acabar com sua fé, com seu relacionamento com Deus devido a Lula ou dos políticos. Não dá, não dá, minha filha, bola para frente, vamos olhar para frente”, pediu o bispo.
Gleisi, que é uma das integrantes da equipe de transição por parte do presidente eleito, usou suas redes sociais horas depois para destilar uma resposta repleta de ressentimentos, distante de aliados de Lula que defendem que as divergências religiosas precisam ser apartadas da política.
“Dispensamos o perdão de Edir Macedo. Ele é quem precisa pedir perdão a Deus pelas mentiras que propagou, a indução de milhões de pessoas a acreditarem em barbaridades sobre Lula e sobre o PT, usando a igreja e seus meios de comunicação para isso. A nossa consciência está tranquila”, bradou Gleisi Hoffmann.
Edir Macedo alinhou-se com todos os presidentes da República desde Fernando Collor (PTB-AL), em 1989. O bispo possui um histórico de idas e vindas com o petista. Quando Lula se candidatou pela primeira vez, ele incentivou a demonização do presidente eleito.
Em 1992, Macedo foi preso, acusado de charlatanismo, e Lula foi um dos poucos políticos a visitá-lo na prisão. Contudo, nas campanhas seguintes, a Universal voltou a hostilizar o petista. Briga que ficou para trás. Em 2002, ambos se reconciliaram, quando Lula elegeu-se pela primeira vez na história.
Já em 2018, inicialmente, o bispo optou por apoiar Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente eleito. No entanto, declarou apoio a Bolsonaro, quando ficou claro que o ex-governador de São Paulo não tinha chances de ganhar aquela eleição.
Fonte: Revista Oeste
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