Médicos separam gêmeos brasileiros que dividiam cérebro em operação de 33 horas

Dois gêmeos brasileiros de 3 anos unidos pelo crânio foram separados em um hospital do Rio de Janeiro, uma intervenção que os médicos descreveram, ontem (1º), como a cirurgia mais complexa de seu tipo, para a qual se prepararam com auxílio da realidade virtual. Arthur e Bernardo Lima nasceram em 2018, no estado de Roraima, como gêmeos craniópagos, uma condição extremamente rara na qual os irmãos estão unidos anatomicamente apenas pela cabeça. Após passarem quase quatro anos unidos pela parte superior do crânio, a maior parte deste período em um hospital do Rio de Janeiro equipado com uma cama sob medida, os irmãos agora podem olhar um no rosto do outro pela primeira vez, depois de uma série de nove operações que culminaram com uma cirurgia maratonista de 33 horas.

A organização médica beneficente Gemini Untwined, com sede em Londres, que ajudou a realizar o procedimento, descreveu a operação como “a separação mais desafiante e complexa até hoje”, dado que os irmãos compartilhavam várias veias vitais. “Esses gêmeos se enquadraram na classificação mais grave, mais difícil e com mais risco de morte para os dois”, disse o neurocirurgião Gabriel Mufarrej, do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer (IECPN) no Rio, onde foi realizado o procedimento.