Pai de Henry critica censura ao Linha Direta: “Esqueceram meu filho”

Após a Justiça tentar fazer uma censura prévia ao programa Linha Direta desta quinta-feira (18/5) que teve como tema central o assassinato do menino Henry Borel, ocorrido em 2021, o pai da criança, Leniel Borel, foi ao Encontro com Patrícia Poeta, na manhã desta sexta-feira (19/5), e criticou a censura.

Segundo o pai de Henry, a magistrada que proferiu a decisão que impedia a exibição do programa, derrubada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, pensou nos direitos de Dr. Jairinho e Monique Medeiros, padrasto e mãe de Henry, réus acusados de assassinar Henry, e esqueceu de seu filho.

“Por exemplo, a juíza do caso deu o direito de não transmitir o Linha Direta. Isso é uma censura prévia, que o Brasil inteiro ficou consternado. Nunca antes isso foi visto. Por quê? Por que Jairo tem direito e Monique tem direito? E eu? E o meu filho?”, desabafou Leniel.

Além de falar sobre a censura sofrida pelo programa, Leniel Borel comentou o fato de sua ex-mulher e mãe de Henry, ré no caso, estar respondendo em liberdade: “Fico consternado com tudo o que estou vendo. Nunca ia imaginar que o STJ (Superior Tribunal de Justiça) ia soltar a Monique com uma decisão monocrática, uma decisão por ofício de um ministro que disse que nem conhecia o caso. Monique está solta como eu e você, sem nenhuma restrição. Com todas as provas, com tudo o que nós vimos juntos”.

Entenda o caso de censura prévia

Na última quarta-feira (17/5), o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro acatou uma liminar de Dr. Jairinho para impedir que TV Globo transmitisse o programa Linha Direta que teve como tema central o assassinato do menino Henry Borel.

A juíza que acatou a liminar, Elizabeth Machado Louro, alegou que o Linha Direta pode influenciar a opinião pública, já que o caso será submetido a júri popular. “O processo ainda pende de julgamento, e a exibição em canal aberto e por emissora de grande alcance não parece servir aos propósitos informativos que possam ser alegados”, pontuou a magistrada.

“O réu deverá ser julgado por um corpo de juízes leigos, e tal exposição poderá colocar em risco a imparcialidade dos julgadores”, acrescentou Elizabeth.

No entanto, no dia da exibição do programa, o ministro do STF Gilmar Mendes acatou uma liminar para derrubar a decisão da Justiça do Rio.

Na decisão, o ministro citou que a defesa de Jairinho tinha o “claro propósito de censurar a exibição da matéria jornalística de evidente interesse público”.

Sobre a decisão contra a exibição, tomada pela juíza Elizabeth Machado Louro, ele escreveu: “A eminente magistrada extrapola os limites de suas funções judicantes para se arvorar à condição de fiscal da qualidade da produção jornalística de emissoras de televisão”.

Fonte: Metropóles