Pesquisadores encontram nova espécie de ‘barbeiro’, vetor de Chagas

Uma nova espécie de triatomíneo, subfamília de insetos popularmente conhecidos como “barbeiros”, foi descrita por um grupo liderado por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Batizada de Panstrongylus noireaui, a espécie pertence a um gênero de grande importância médica pela sua participação na transmissão do protozoário Trypanosoma cruzi – causador da doença de Chagas – nas Américas Central e do Sul. O achado foi publicado no periódico científico ZooKeys, focado na descrição de novas espécies e análises taxonômicas.

A identificação ocorreu após um estudo da Universidade da República do Uruguai ter notado diferenças em análises cromossômicas e moleculares de espécimes que até então eram definidos como pertencentes a uma outra população de “barbeiros”, a Panstrongylus rufotuberculatus. O artigo, publicado na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, sugeria que os exemplares analisados pudessem ser uma nova espécie do gênero Panstrongylus.

“A percepção por meio de análises cromossômicas e moleculares foi fundamental, visto que as diferenças externas entre a P. noireaui e a P. rufotuberculatus são mínimas. Enquanto isso, no DNA, há uma série de características marcantes que não apenas diferenciam uma espécie da outra, mas tornam a P. noireaui muito singular no seu gênero”, explicou Cleber Galvão, último autor do artigo e chefe do Laboratório Nacional e Internacional de Referência em Taxonomia de Triatomíneos do IOC.

Um estudo morfológico mais detalhado observou uma pequena distinção nas genitálias dos exemplares machos da P. noireaui, reforçando a hipótese de que se tratava de uma nova espécie morfológica e evolucionariamente muito próxima do P. rufotuberculatus. “Podemos dizer que elas são espécies irmãs, que em algum momento tiveram um ancestral comum. A única diferença morfológica observável está nos dentículos do endosoma, uma membrana presente dentro da genitália dos machos. Como não é uma característica de fácil visualização, foi preciso fazer uma dissecção desses espécimes”, afirmou o pesquisador.

Participaram da identificação Hélcio Reinaldo Gil Santana, do Laboratório de Diptera do IOC, Tamara Chavez, do Instituto Nacional de Laboratórios de Saúde da Bolívia, e Sebastián Pita e Francisco Panzera, ambos da Universidade da República do Uruguai.

Fonte: Fiocruz