Russos não confiam na Sputinik V e vacinação na Rússia está empacada
Em matéria do jornal El País nesta semana está evidenciado que a população russa não confia e não quer se vacinar contra a Covid-19 com a vacina Sputnik V, a principal vacina das quatro vacinas desenvolvida pela Rússia. A matéria do El País mostra os graves problemas que a Rússia enfrenta para fabricar a vacina Sputnik V, bem como as dificuldades enormes que aquele país enfrenta para cumprir os contratos com os países que adquiriram a vacina.
Só lembrando que a União Europeia até hoje não aprovou o uso da Sputnik naquela região. Há ainda uma grande polêmica internacional com a Eslováquia, que acusa a Rússia de ter vendido um lote de vacinas com características diferentes daquelas publicadas ano passado pela Revista Lancet.
Confira a alguns dados da matéria do El País sobre a vacina Sputnik V!
Enquanto o Kremlin intensifica seus esforços para promover no exterior a sua principal vacina contra o coronavírus, a campanha de imunização não decola na Rússia (145 milhões de habitantes). Apesar de aberta a qualquer cidadão que desejar (embora em geral não se vacine quem já teve covid-19 nos últimos meses), apenas 3,23% da população recebeu as duas doses do imunizante desenvolvido pelo Instituto Gamaleya de Moscou, e 4,74% tiveram acesso à primeira, segundo dados do Ministério da Saúde.
Para efeitos de comparação, a taxa de imunização chega a 47% no Reino Unido, 30% nos Estados Unidos e 5,7% na Alemanha, que anunciou nesta quinta-feira a intenção de adquirir a Sputnik V, já aprovada por quase 60 países ―incluindo Argentina, México, Belarus, Sérvia e Hungria―, mas que ainda está em processo de revisão pela Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês). Mesmo no Brasil, cuja vacinação custa a engrenar, 6,8% da população já recebeu pelo menos uma dose de vacina contra a covid-19. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no entanto, ainda não aprovou o uso emergencial do imunizante.
Mas as baixas cifras de imunização russas geram desconfianças entre especialistas e altos funcionários europeus, que se perguntam por que a Rússia oferece milhões de doses à União Europeia enquanto sua campanha de vacinação é tão lenta. Alguns argumentam que o Kremlin usa o medicamento apenas como propaganda ―não só para retomar seu lugar na linha de frente da ciência, como desejou há anos o presidente Vladimir Putin, mas também para impulsionar sua agenda política em um momento de grande tensão com o Ocidente.
Há também quem duvide de que a Rússia possa cumprir o que promete, e quando. Desde o começo, o país euroasiático enfrenta problemas na produção da vacina da Gamaleya, baseada no adenovírus do resfriado humano e que tem 90% de eficácia, segundo os dados publicados na revista The Lancet. Até 17 de março, as fábricas russas produziram 20 milhões de doses e puseram em circulação 8,9 milhões de kits completos, segundo o Ministério da Indústria.
QUALIDADE DA VACINA OPÕE A ESLOVÁQUIA À RÚSSIA
A já polêmica compra de vacinas Sputnik V na Eslováquia derivou agora numa ácida disputa entre as autoridades sanitárias eslovacas e Moscou. O Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF) acusou nessa quinta-feira o SIDC (agência eslovaca do medicamento) de “sabotagem” depois que esse órgão regulador informou que as doses do fármaco russo recebidas até agora apresentam características diferentes das revisadas pela revista científica ‘The Lancet’. O SIDC salientou que diante disso não poderia se pronunciar sobre os riscos e benefícios da vacina, já que os fabricantes da Sputnik V não forneceram informações suficientes.
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