A visita de Xi Jinping a Rússia, tem o objetivo de distencionar os rumos da invasão da Ucrânia e tirar do isolamento a Rússia, provocado pelas sanções comerciais imposta pelos EUA e pelos países europeus. Xi levou a Putin, um plano de paz, para ser analisado. Precisa, ainda ouvir os russos, quer dizer, Zelenski.
Sem entrar no Mérito, da decisão de Putim de anexar a região de Donbass, com receio da entrada da Ucrânia no Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que segundo os russos, significaria o inimigo no limite das suas fronteiras estratégicas. Para emitir uma opinião, em qualquer conflito, é preciso conhecer as razões da nação invasora e a defesa da nação invadida. Então, assim sendo, estarão dadas as bases para avaliar quem tem ou não razão. Provavelmente, 10 ou 15 anos depois, os fatos serão de conhecimento de todos.
Nem os EUA, nem a Europa, têm condições de dar lições a nenhuma nação do mundo. Os exemplos de genocídio são tantos, que se tornam até enfadonhos relacionar todos. Países da Europa, praticaram o genocídio das populações indígenas, desde 1500. Escravizaram as populações negras da África e ganharam dinheiro com o tráfico negreiro, além de saquearem o ouro e as pedras preciosas das suas respectivas colônias. Um verdadeiro massacre.
Na linha do tempo, o Império Romano, que durou 1300 anos, impôs na Europa e na África, as Leis de Roma. Chegavam nas cidades, com aquele poderoso Exército e tocavam o terror. Saqueavam tudo que viam pela frente, estupravam as mulheres e submetiam os povos invadidos, ao poder sagrado dos Imperadores, alguns como NERO e Calígula, completos pervertidos. O Epicurista, advogado e senador romano Sêneca foi pretor de Nero, mesmo com essa bagagem, o imperador tocou fogo em Roma e mandou fuzilar Sêneca.
Mais recentemente, em 2003, George W Bush ordenou a invasão do Iraque, sob a alegação falsa de que o Iraque tinha armas químicas de destruição em massa, portanto, com base numa fakenews. Uma invasão brutal e sem nexo causal, que fez aniversário de 20 anos, nesta segunda feira, 20 de março de 2023.
O Iraque foi atacado de forma insana. O ditador fugiu para um esconderijo debaixo da terra. Foi achado pelas tropas americanas, e enforcado em praça pública. O Exército de minoria Sunita foi desarticulado e os militares da elite do Iraque fundaram o grupo terrorista Estado Islâmico.
O resultado dessa invasão do Iraque, com tropas americanas e britânicas, totalmente injustificada, provocou uma desarticulação nos sistemas de poder, destruição das cidades históricas de Palmira, de sítios arqueológicos do Iraque e da Síria, pelos bandos terroristas do Estado Islâmico e principalmente, uma guerra civil na Síria, que já dura 12 anos, com os guerrilheiros islâmicos tentando derrubar o ditador sírio Hafez Assad. O regime sírio é de maioria Alauita, mas, respeita e protege a minoria de cristãos ortodoxos, que são perseguidos pelos insurgentes.
Todo esse cenário da invasão do Iraque, provocou a Primavera Árabe, eclodida na Tunísia em 2010, se espalhando por todo o Oriente Médio. O caso mais emblemático é o da Líbia, um país prospero e rico, que foi retroagido em 100 anos, tal a destruição pelos Drones assassinos, disparados da frota americana baseada nas costas da Líbia, no Mar Mediterrâneo. Destruíram, Aeroportos, Pontes, Sistemas de Eletricidade, Abastecimento de Água, Estradas e o bunker do Ditador Muammar Kaddafi. O ditador fugiu em direção ao Sudão, mais, foi interceptado escondido numa tubulação no deserto e morto brutalmente junto com seu filho primogênito, sob a ponta de uma baioneta goela abaixo. As cenas são terríveis e apavorantes, que não puderam ser levadas ao grande público. Somente deixaram fotografar os corpos estendidos no chão, inertes.
O Iêmen, também acossado pela Primavera Árabe, com governo inimigo da Arábia Saudita, e bombardeado dia sim e também dia não, pelo poderoso Exército Saudita, sem nenhum pio de europeus e americanos, que não estão nem aí, pelo sofrimento do povo iemenita.
Toda essa desarrumação meticulosamente armada contra os países árabes, também atingiu a Economia libanesa. As relações de causa e efeito, atingem a todos indiscriminadamente. O Líbano, outrora a Suíça do mundo árabe, está mergulhado numa crise econômica e política, sem precedentes.
Insta salientar, que George W Bush pai e filho, Bill Clinton, Barack Obama, Donald Trump e agora Joe Biden, cada um à sua maneira, trabalharam para desarticular os países árabes, alguns por osmose e outros deliberadamente. O resultado dessas ações de deposição de governos árabes, considerados hostis ao poder americano com apoio de países europeus, sem nenhuma análise das consequências na linha do tempo, gerou uma desconfiança do mundo árabe, com os Estados Unidos e com a Europa. Vemos agora o resultado prático, com o protagonismo da China, que ocupou com maestria e sabedoria o vácuo, deixado pela Europa e pelos EUA. Xi Jinping, o presidente chinês, acaba de reunir Irã e Arábia Saudita, na mesa de negociações e os dois países, vão trocar embaixadores, após décadas de animosidades. Os árabes, com essa mediação chinesa, comprovam, que os países confiam na China, como parceiro comercial, militar e político.
Antevemos esse movimento, da China, o Poder imperial, que emerge no mundo, com a queda de prestígio do novo Império romano em franca decadência, como a mudança da roda da fortuna do Oceano Atlântico, migrando inexoravelmente para o Oceano Pacífico.
As lições da história, estão dadas. É preciso pensar, analisar e reconhecer.
Roberto Nascimento é advogado
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